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Redações nota mil nas últimas edições do ENEM (2001-2016)


Tema: “Desenvolvimento e preservação ambiental: como conciliar os interesses em conflito?” (Enem 2001)

    Neodarwinismo

  Em prol da sobrevivência, há milhares de anos, a caça e a pesca eram praticadas pelo homem. Hoje, em nome do Neoliberalismo, na atual conjuntura de perda dos sentimentos holísticos, desmatamos e poluímos a natureza na incessante busca do lucro, em detrimento do bem-estar da humanidade. Todavia, o homem parece ter esquecido que a natureza não é apenas mais um instrumento de alcance do desenvolvimento, mas a garantia de que é possível alcançá-lo.

  Primeiramente, é importante ressaltar o papel do meio-ambiente para o desenvolvimento econômico de uma sociedade. É notório que a extração de recursos minerais e de combustíveis fósseis é fundamental para a atração de indústrias e conseqüentemente para a solidez do setor produtivo da economia. No entanto, o uso indiscriminado desses bens naturais pela grande maioria das empresas não pode mais continuar. Cabe aos governantes e à própria população exigirem das mesmas a aplicação de parte do lucro obtido na manutenção de suas áreas de exploração e não permitir o “nomadismo” dessas indústrias.

  Nesse sentido, vale lembrar que os poderes político e econômico encontram-se intimamente ligados em uma relação desarmônica, que favorece o capital em detrimento do planeta em que vivemos. De fato, percebe-se que na atual conjuntura excludente, o poder do Estado Mínimo é medido de acordo com sua capacidade de atrair investimentos. Um exemplo disso é o grande número de incentivos fiscais e leis ambientais brandas adotados pela maioria dos países periféricos buscando atrair as indústrias dos países poluídos centrais. Enquanto isso, a população permanece alienada e inerte, não exigindo a prática da democracia, que deveria atuar para o povo e não para os macrogrupos neoliberais.
  Além disso, cumpre questionar o papel da sociedade nesse paradoxo desenvolvimento-destruição ambiental. É fato que a maioria da população se mantém à margem das questões ambientais, por absorver, erroneamente, a falácia de que a tecnologia pode substituir a natureza. Desse modo, os consumidores tecnológicos passam a exigir mais do setor produtivo, que, por sua vez, passa a exaurir o meio-ambiente. Estabelece-se, assim, um círculo vicioso que tem como elo principal um bem finito, que, se quebrado, terá conseqüências desconhecidas e catastróficas para a humanidade.
  Torna-se evidente, portanto, que o que vem ocorrendo na humanidade é apenas uma sucessão de conquistas e avanços na área tecnológica. O real desenvolvimento só será alcançado quando o homem utilizar a natureza de forma responsável e inteligente. Para tanto, é preciso que sejam criados mecanismos eficazes de fiscalização, sejam eles governamentais ou não. Além disso, deve haver por parte da mídia maior divulgação das questões ambientais, para que a população possa se mobilizar e agir exercendo seus direitos. Assim, estaremos de acordo com a teoria da seleção natural, em que o meio seleciona os mais aptos e não o contrário.


Tema: “O direito de votar: como fazer dessa conquista um meio para promover as transformações sociais de que o Brasil necessita?” (Enem 2002)
                                A equação da democracia
  Comícios estudantis. Diretas já! “Caras-pintadas.” O que se percebe de comum nesses movimentos é a maciça participação do público jovem. A luta para adquirir a liberdade e os direitos políticos foi muito bem representada, mas será que acabou? É preciso alertar a sociedade de que somente com o esforço comum e o ímpeto de bravura de nossos jovens poderemos concretizar a conquista alcançada, e verdadeiramente promover as transformações sociais de que o país necessita.
  O direito de escolher, por eleições diretas, o próprio governante representou uma grande vitória no quadro político-social do Brasil. O movimento das Diretas Já foi o primeiro passo, e apesar de não ter alcançado de imediato seu objetivo, conseguiu acender na sociedade uma chama muito forte: a da necessidade de busca pela participação política a reivindicação de melhorias sociais.
  Nessa perspectiva, o que se observa é que o voto é um instrumento muito valioso que foi dado ao eleitor brasileiro. É a nítida certeza de que algo pode ser mudado se as pessoas buscarem sua própria consciência política. Seria, no entanto, utópico pensar em conscientização se antes não for dada ao povo a noção dos seus próprios direitos. É necessário implantar nas instituições educacionais disciplinas que promovam justamente o ensino da cidadania, dos deveres e direitos, e de como lutar, de forma inteligente, por melhores condições sociais, políticas, econômicas e até afetivas.
  Diante de um povo mais consciente de sua significância na política nacional, a inércia e a imparcialidade da sociedade serão deixadas de lado. Com a promoção de tais mudanças, o povo estará mais alerta para escolher seus candidatos e exigir, tanto antes quanto depois das eleições, a realização das promessas feitas durante o período eleitoral. A população não fi cará mais míope, e conseguirá enxergar que a luta pelo interesse comum deve suplementar as vontades pessoais e partidárias, e que a participação popular, no voto e nos projetos, é de extrema necessidade e grandiosa responsabilidade.
  O ensino dos direitos políticos, portanto, torna-se uma disciplina indispensável na educação do cidadão brasileiro. Educar baseando-se na equação “conteúdo+conscientização” irá, com toda certeza, promover o enriquecimento do quadro histórico nacional. Caso mudanças como essa sejam alcançadas, e se tornem uma nova conquista, assim como o direito de votar foi, não haverá mais dúvidas quanto ao voto ser facultativo ou obrigatório. Surgirá uma nova perspectiva de prosperidade dentro da sociedade, a participação será em massa e homogênea, e o povo realmente entenderá o verdadeiro significado da palavra democracia.


Tema: “A violência na sociedade brasileira: como mudar as regras desse jogo?” (Enem 2003)
  As faces da violência no Brasil
  Muito se tem discutido acerca da violência que aflige a sociedade brasileira de um modo geral. Antes vista como característica dos grandes conglomerados urbanos, hoje ela se faz presente no cotidiano de cada cidadão e se manifesta de diversas formas, desde a física até a moral. Todavia, a sociedade tem encontrado vários entraves no caminho rumo à solução deste panorama, barreiras estas impostas por um modo de pensar determinista e, muitas vezes, preconceituoso.
  De fato, muitos acreditam ser a violência fruto da profunda desigualdade social de nosso país e baseiam seu pensamento em um sofisma simplista, afirmando que o pobre pratica a violência por ser privado do atendimento de suas necessidades mais básicas. Nesse sentido, eles desculpam grande parte da sociedade pelo problema e partem de uma premissa, que, se verdadeira, faria de todos os miseráveis brasileiros pessoas violentas em potencial. Atrelar a problemática da violência ao estado de pobreza e miséria é dizer que ela é característica de uma única fatia da população e negar seu cunho cultural tão profundo.
  Verdade é que a violência é tão presente em nosso dia-a-dia que já não apresenta uma face definida, e já não somos capaz de identificá-la tão facilmente. A mídia tem contribuído, nesse sentido, com sua banalização, visto que divulga produções artísticas em geral, nas quais o “bem” vence o “mau” por meio de batalha física. Vence quem for mais forte fisicamente, aquele que melhor saiba utilizar a força como forma de alcançar a vitória. Deste modo, passamos a ver a violência como forma de resolver conflitos, mesmo que o façamos inconscientemente, e passamos a ignorar a importância do diálogo e do debate civilizado.
  Pode-se, portanto, afirmar que a solução do problema não é de fácil alcance, visto que envolve questões ideológicas e culturais muito arraigadas no pensamento da sociedade. Contudo, uma medida eficiente seria a aplicação de penas mais rígidas para quem fizesse uso da violência em qualquer uma das formas que ela é capaz de assumir, devido ao fato de que a impunidade encoraja, muitas vezes, a prática de atos violentos. Outra solução seria difundir, ainda nas escolas, a importância do diálogo e as implicações da violência, contribuindo para a formação de indivíduos mais conscientes quanto ao assunto.
  Tudo isso, no entanto, não será verdadeiramente eficaz enquanto a sociedade encarar a violência com determinismos e preconceitos, mesmo sabendo que é difícil não nos rendermos à facilidade de culpar a pobreza e assumirmos uma visão simplista do assunto, assim como é difícil identificarmos com clareza aquilo que nos leva a agira de forma violenta muitas vezes. Somente se adotarmos uma postura realmente objetiva seremos capazes de encontrar soluções práticas e funcionais. O problema da violência no Brasil se faz ainda mais urgente, pois o capital utilizado em seu combate poderia ser utilizado para suprir as necessidades da população. Enquanto não conseguirmos resolver este quadro, o país continuará sofrendo com a violência da fome, da miséria, da falta de educação e da insalubridade; violências ainda mais marcantes.


Tema: “Como garantir a liberdade de informação e evitar abusos nos meios de comunicação?” (Enem 2004)
Coleira invisível
     Em uma época marcada por uma cobertura ostensiva da mídia, não são poucos os casos de abusos, como invasões de privacidade e reportagens tendenciosas. Diante desse quadro, muitos sugerem um retrocesso perigoso, com mecanismos de controle que se remetem a épocas sombrias da história brasileira. Entretanto, essa mesma história mostra que soluções radicais costumam ser perigosas, por isso é preciso ter cuidado com propostas precipitadas: nada justifica um cerceamento do trabalho dos meios de comunicação. Nesse contexto, em um palco ocupado por atores que extrapolam em seus papéis e um público acrítico, a solução parece depender, em essência, de algo tão simples quanto raro: bom senso. Sem radicalismos.
     O caminho para solucionar o conflito enfrenta seu primeiro obstáculo na identificação do problema, afinal é imprecisa a fronteira entre o direito de imprensa e o direito individual: o que é um “abuso”? Nesse sentido, a solução parece ser uma atuação mais presente, veloz e rigorosa do sistema judiciário. Com isso, não se impõem restrições prévias a qualquer conteúdo, ao mesmo tempo em que se inibem abusos pela possibilidade concreta de multas. Basta, para isso, reduzir os entraves burocráticos no acesso à justiça e na definição de sentenças.
     Apesar de eficientes, essas penas rareariam os abusos na imprensa de forma apenas superficial, pois não atacariam causas profundas do problema. Uma análise cuidadosa revela que a má atuação dos veículos de comunicação é fruto de uma crise de valores tanto de profissionais, que, muitas vezes, agem sabendo que estão errados, quanto das empresas, que permitem e até estimulam práticas imorais. Nesse contexto, é necessária uma mudança de postura: de um lado, as faculdades de comunicação poderiam dar maior importância à ética no trabalho para formar jornalistas conscientes; de outro, as empresas deveriam fazer valerem seus código de ética, em uma espécie de auto-regulação. Nem tudo vale em nome da audiência.
     O papel efetivo da justiça e a conduta moral dos profissionais de imprensa, contudo, podem se tornar pouco relevantes se a própria sociedade adotar uma postura diferente. O raciocínio é simples: se a sociedade não assistir aos abusos, eles desaparecerão. É evidente que essa lógica, em certos casos, esbarra em um desejo contemporâneo de assistir a conteúdos “proibidos”, como a intimidade de pessoas famosas. Entretanto, com uma formação humana mais sólida, essa aparente utopia pode ser tornar real. Dessa forma, a liberdade irrestrita de informação seria garantida, e excessos e distorções acabariam eliminados pelo próprio mercado.
     Assim, é possível imaginar o usufruto da liberdade de imprensa sem abusos, desde que impere o bom senso no poder público, na mídia e na própria população. Com isso, os veículos de comunicação podem deixar seus atuais roteiros exagerados no camarim para assumir outro papel: o de “cão-de-guarda” da sociedade. Com critério na divulgação de notícias, denúncias, críticas e análises, esse importante agente social pode agir sem estar acorrentada por mecanismos de censura, sendo “presa” apenas pelo reconhecimento de sua função.


Tema: “Trabalho infantil no Brasil” (Enem 2005)
O futebol e o livro
     Trocando o campo de futebol pelo canavial, o livro pela enxada. Essa é a realidade de muitas crianças brasileiras atualmente. O trabalho infantil, que é constitucionalmente proibido, é uma realidade brasileira que se tornou gritante e insustentável. Do contexto de miséria, falta de solução e jogo de interesses, a infância no Brasil parece estar diminuindo significativamente.
      A necessidade desse amadurecimento precoce está diretamente ligada à pobreza das famílias brasileiras. Cerca de 14,5% da população vive na mais absoluta miséria, principalmente no Nordeste, fato esse que explica a concentração de crianças trabalhadoras nessa região. Tendo necessidade de aumentar a sua renda, as famílias colocam os seus filhos para trabalhar. O que se precisa é de uma melhor distribuição de renda no país, que é comprometida desde que o Brasil
tem esse nome.
      Essa miséria se estende ao campo da educação. Como causa, a falta de escolaridade faz com que o trabalho seja o único meio de se ascender socialmente. E como conseqüência, a necessidade de trabalho faz com que as crianças não tenham tempo de ir para a escola. Devem ser feitos programas como Bolsa-escola, que garantem educação para a criança e maior renda para a família.
      O problema dessa solução é a dificuldade que os empregadores criam. Não há mão-de-obra mais barata do que a infantil. O interesse na manutenção desse sistema é grande e difícil de ser quebrado, visto que há muitas pessoas poderosas e toda uma herança histórica envolvidas. Apesar de antigo, o costume das vantagens que a escravidão trazia ainda se vê presente. Com o fim dessa, a mão-de-obra mais lucrativa se tornou a infantil. Deve-se fazer valer a Constituição e punir os envolvidos nesse crime de exploração.
      Não há dúvida, portanto, de que a solução para se acabar com o trabalho infantil é constituída de várias etapas, mas todas elas necessitam da participação do governo. O auxílio que esse deve dar às famílias é fundamental para a exploração infantil não seja mais necessária. Assim, tudo se resume à miséria, e a solução se torna uma só: o fim dela.


Tema: “Poder de transformação da leitura” (Enem 2006)
A química da leitura
     A chegada ao século XXI representa, em muitos aspectos, uma espécie de retorno à época das cavernas. Ao mesmo tempo em que se repetem cenas de violência bárbara e as relações humanas se tornam semelhantes às de animais, a linguagem escrita vai sendo substituída pelas imagens. Nesse contexto, mais do que nunca, é preciso revalorizar a capacidade transformadora da palavra escrita, especialmente no que diz respeito à leitura.
     De um ponto de vista pragmático, mais do que informar, a leitura desenvolve a inteligência crítica. Em um mundo globalizado, em que a Revolução Tecnológica torna qualquer informação obsoleta a cada minuto, os mais “adaptados” não serão os “tele-informados”, mas aqueles capazes de reaprender sempre, que são os acostumados a ler. Por essa razão, subsídios governamentais ao barateamento dos livros e à construção de bibliotecas públicas são imprescindíveis.
     Na dimensão psicológica, a catarse diante de uma narrativa ajuda a construir personalidades. Quanto mais (e melhor) uma pessoa tiver lido, mais rica e complexa será sua “psique”. Sentimentos, linguagem, comportamentos – o que está nos livros nos amadurece e transforma. Para isso, a valorização de professores pode ser útil no sentido de engajá-los em projetos de dramatização de romances que incentivem a leitura de ficção.
      Essa transformação dupla acaba por criar outro tipo de mudança, do indivíduo para o mundo que o cerca. Isso ocorre porque o ato de ler desenvolve uma competência crítica e reflexiva nos leitores, capaz de torná-los agentes sociais de muitas transformações. Como disse Drummond, mais do que conquistar universos externos, cabe ao homem humanizar-se. E a leitura, como ato solitário e concentrado, pode permitir essa descoberta, desde que os pais dêem o exemplo e criem um ambiente familiar favorável a essa atividade.
      Por tudo isso, fica evidente que a leitura tem mesmo um papel transformador. Depois de ter sido inventada, desenvolvida e difundida, a palavra escrita tem sido abandonada por muitos. Não é de estranhar que prefiram se comunicar por socos e pontapés. Por isso, governantes, professores e pais devem assumir seus papéis no sentido de fazer da leitura uma prática possível. Basta isso para a “reação química” do conhecimento ocorrer.




Tema: “O desafio de se conviver com a diferença” (Enem 2007)

Um novo molde

      Na primeira metade do século XX, o mundo conheceu os horrores do nazismo quando a Alemanha liderada por Adolf Hitler perseguiu e massacrou judeus. Essa triste história se torna ainda pior ao se perceber que hoje, décadas depois, a mesma essência permanece presente: a intolerância às diferenças. Na contemporaneidade, esse sentimento mesquinho e egoísta causa exclusão social, discriminação e até morte, por isso é dever do poder público, das instituições de ensino e da família promover o respeito.

      Há dez anos, adolescentes da classe média de Brasília incendiaram um índio que dormia na rua. No entanto, os mesmos se encontram em liberdade. Poucos meses atrás, uma doméstica foi espancada por jovens na Barra da Tijuca, bairro nobre do Rio de Janeiro. Para que tais atrocidades não continuem se repetindo, os mecanismos de julgamentos e atribuições de penas precisam ser mais eficazes e não podem permitir casos de impunidade, especialmente em relação às classes mais altas, que desfrutam de privilégios tácitos na (in)Justiça brasileira.

      Injusta também é a falta de reconhecimento da importância das diferenças culturais para o progresso da humanidade. Os números romanos e os ensinamentos de Dalai Lama, por exemplo, são conhecidos por quase todos. A tecnologia dos meios de comunicação facilita esse acesso, porém isso está longe de bastar para acabar com o preconceito existente na sociedade. Os professores, junto às escolas e faculdades, têm o poder e o dever de transformar a mentalidade de seus alunos. Incentivar pesquisas sobre a vida da população em diversos países é um ótimo começo.
      No entanto, não é apenas responsabilidade do Estado e dos profissionais da educação transmitir valores. É papel também da família fazê-lo. Desde criança, o cidadão tem que aprender a respeitar os valores humanos, e o exemplo, nessa idade, está em casa. Assim, é necessário que, desde cedo, os jovens aprendam não só a valorizar sua própria individualidade, mas também a respeitar as dos outros. Nesse sentido, conversas e histórias sobre os antepassados familiares podem ajudar a mostrar ao jovem de hoje que as diferenças étnicas e culturais são bem menos profundas e distantes do que podem parecer em uma análise inicial.
      Torna-se evidente, portanto, a importância de se respeitar a individualidade alheia. A criação de leis e punições mais severas e o trabalho de um governo que valorize as diferenças existentes em seu país são caminhos para que gerações futuras sofram menos discriminações. Dessa forma, pequenas mudanças como a inclusão, no programa do ensino médio, de aulas de cidadania e de valores humanos, e a promoção de campanhas que estimulem bons exemplos em casa parecem capazes de ajudar a mudar a mentalidade da humanidade. Afinal, na mudança do presente, molda-se o futuro.


Tema: “A máquina de chuva da Amazônica e sua relevância ambiental e econômica para o Brasil” (Enem 2008)
Homeostase ecológica


    Um estudo feito pelo respeitado cientista brasileiro Enéas Salati concluiu que a Amazônia tem importante papel na manutenção do ciclo hidrológico da área entre o oceano Atlântico e o Peru. A excessiva exploração sofrida pela floresta atualmente, portanto, pode degradar o ciclo e prejudicar safras agroindustriais, bem como a geração de energia hidrelétrica na região. Seja pelos prejuízos socioeconômicos ou por pura consciência ambiental, o fato é que já passamos da hora de agir. Nesse contexto, para garantir o equilíbrio financeiro e ecológico do país, são necessários o aumento da fiscalização e a aplicação de multas severas aos desmatamentos ilegais.
      A importância ecológica da Amazônia para o Brasil e para o mundo é reconhecida por todos, leigos ou especialistas. Fauna e flora locais contêm espécies tão diversificadas quanto raras, elementos fundamentais em um sistema que, afetado, tem como conseqüência direta o desequilíbrio do ciclo hidrológico de uma região de milhares de quilômetros – e milhões de seres humanos. Sem dúvida, a manutenção de importantes atividades econômicas, como o agronegócio e a geração de energia hidrelétrica, só será possível se a floresta for mais respeitada, já que alterações no período de precipitações prejudicam as plantações de soja e cana-de-açúcar presentes no local, além de alterarem o funcionamento das usinas.

      Tendo em vista tais perdas, é preciso elaborar medidas que garantam a proteção ambiental e o benefício humano. Uma solução é o aumento da fiscalização sobre a região da mata. Para isso, as forças armadas brasileiras podem exercer importante papel, tanto pela ocupação de certas áreas quanto por meio de sobrevôos, que permitiriam uma visão ampla. Da mesma forma, o poder público deve fazer controle severo na regulamentação de empresas instaladas no local, evitando a extração indevida dos recursos naturais. Nesse contexto, a aplicação de multas severas aos que promoverem o desmatamento ilegal seria imprescindível para a preservação da floresta.

      Por maior que seja o esforço despendido nessas fiscalizações e punições, porém, seus efeitos seriam limitados devido à necessidade de cobertura de uma área tão extensa e densa. Nessa perspectiva, faz sentido pensar que o longo caminho para preservar o maior patrimônio brasileiro precisa de soluções complementares, como a criação de selos de qualidade para objetos feitos com madeira extraída legalmente da floresta. Isso pode propiciar uma espécie de boicote consciente da população a madeireiras ilegais e, assim, tornar mais justificada a desejável aceleração do processo de reflorestamento, outra medida imprescindível.

      A questão do desequilíbrio do ciclo hidrológico amazônico, portanto, precisa ser encarada como prioritária pelo poder público e pela própria sociedade. Nesse enquadre, realmente eficiente seria promover uma profunda reeducação da população, ensinando a crianças e adultos os impactos provocados pela destruição da floresta. Campanhas na imprensa e projetos nas escolas poderiam ajudar na criação dessa consciência ambiental, que já faz parte do discurso cotidiano, mas ainda precisa se inserir de verdade nos hábitos e nas posturas de cada cidadão. Eis o nosso caminho para a homeostase ecológica.


Enem 2009, tema: "O indivíduo frete à ética nacional"



Lágrimas de crocodilo

      O Brasil tem enfrentado, com frequência, problemas sérios e até constrangedores, como os elevados índices de violência, pobreza e corrupção – três mazelas fundamentais que servem para ilustrar uma lista bem mais longa. Porém, mesmo diante dessa triste realidade, boa parte dos brasileiros parece não se constranger – e, talvez, nem se incomodar –, preferindo fingir que nada está ocorrendo. Em um cenário marcado pela passividade, é preciso que a sociedade se posicione frente à ética nacional, de forma a honrar seus direitos e valores humanos e, assim, evitar o pior.

      Na época da ditadura militar, grande parte da população vivia inconformada com a atuação de um governo opressor, afinal, com as restrições à liberdade de expressão, não era possível emitir opiniões sem medir os riscos de violentas repressões. Apesar de uma conjuntura tão desfavorável para manifestações, muitos foram os movimentos populares em busca de mudanças, mesmo com as limitações na atuação da mídia. Talvez a sensação de um Brasil melhor hoje ajude a explicar a inércia da sociedade diante da atual crise de valores na política e em todas as camadas da população.

      Muitos não percebem, mas esse panorama cria um paradoxo perverso: depois de tanto sangue derramado pelo direto de expressar opiniões e participar das decisões políticas, o indivíduo se cala diante da crise moral contemporânea. Nesse contexto, protestos se transformam em lamúrias, lamentações em voz baixa, que ninguém ouve – e talvez nem queira ouvir. Ou então em piadas, “ótimo” recurso cultural para sorrir e se alienar frente à falta de uma postura virtuosa. Assim, apesar de viver em um país democrático, o brasileiro guarda seus direitos – e os dos outros – no bolso da calça, pelo menos quando tem uma para vestir.
      Para que o indivíduo não se dispa de sua cidadania, é preciso honrar o sistema democrático do país. Nesse contexto, o povo deve ir às ruas, de modo pacífico, para exigir uma mudança de postura do poder público. Além disso, a mobilização deve agir na direção de quem mais necessita, ajudando, educando e oferecendo oportunidades para excluídos, que vivem à margem da vida social, abaixo da linha da humanidade. Para tudo isso, entretanto, é preciso uma mudança prévia de mentalidade, uma retomada de valores humanos esquecidos, que só será possível com a ajuda da família, das escolas e até mesmo da mídia.
      Por tudo isso, fica claro que o brasileiro deve parar de negar e de rir do evidente problema ético que enfrenta. Trata-se de questões sérias, cujas soluções são difíceis e demoradas, mas não impossíveis. Se a sociedade não se mobilizar imediatamente, chegará o dia em que as piadas alienadas e alienantes resultarão, para a maioria, em risadas de hiena. E, para a minoria privilegiada, imune – ou beneficiada? – à crise ética, restarão apenas olhos marejados.

Análise da Redação
Parágrafo 1: Tópico frasal construído com muita competência. Observe que os três períodos apresentam uma Introdução, um Desenvolvimento e uma Conclusão, nos quais são apresentados o Tema da redação – “O indivíduo frente à ética nacional” – e a Tese do autor sobre o tema “… é preciso que a sociedade se posicione frente à ética nacional, de forma a honrar seus direitos e valores humanos e, assim, evitar o pior.”
Parágrafo 2: Começa o produtor textual a relacionar seus argumentos que irão embasar sua Tese. E começando muito bem, pois busca em seu repertório cultural uma informação histórica que enaltece o comportamento do brasileiro no período ditatorial no País, emitindo uma comparação com os tempos atuais.
Parágrafo 3: Aqui, o candidato amplia sua reflexão sobre o comportamento do brasileiro, apontando sua estranheza sobre a acomodação da sociedade brasileira, numa época em que vivemos uma democracia plena.
Parágrafo 4: No último parágrafo do Desenvolvimento, o produtor textual sugere qual deve ser o comportamento político do brasileiro, além de já apresentar sua visão humanista – fundamental na redação do ENEM! –, sobre o problema, ao citar que “… a mobilização deve agir na direção de quem mais necessita, ajudando, educando e oferecendo oportunidades para excluídos, que vivem à margem da vida social, abaixo da linha da humanidade.”
Parágrafo 5: Na Conclusão, outro exemplo de um perfeito Tópico Frasal apresentando sua Proposta de intervenção “Se a sociedade não se mobilizar imediatamente, chegará o dia em que as piadas alienadas e alienantes resultarão, para a maioria, em risadas de hiena.” e um período finalizador construído com refinamento textual: “E, para a minoria privilegiada, imune – ou beneficiada? – à crise ética, restarão apenas olhos marejados.”
Acrescente-se o uso correto da Variante Padrão da Língua Portuguesa e, também, a precisão na construção da Coerência e da Coesão textuais.
Realmente, um texto merecedor de alta pontuação, haja vista que o ENEM exige dos candidatos competências relativas aos conteúdos disciplinares do Ensino Médio. É bom não esquecer!


Tema: O trabalho na construção da dignidade humana (2010)

    Depois de inúmeras mudanças na sociedade, vive-se, hoje, um momento em que há, por parte de muitas pessoas, uma crescente busca pela realização profissional. Para elas, a profissão, muitas vezes, pode ter um grande significado na construção de sua identidade. Há, porém, aquelas pessoas que, sem ter escolha, aceitam qualquer trabalho como forma de sobrevivência, submetendo-se, assim, à desvalorização da sua humanidade.
    O Brasil é um país que vem crescendo, principalmente nas últimas décadas. Essa crescente evolução traz uma tendência trabalhadora ao povo, que, por querer acompanhar o desenvolvimento, busca, cada vez mais, melhores empregos e salários, a fim de viver mais e melhor. Observa-se, nesse contexto, que o trabalho ganhou um valor de dignificação, já que, hoje, o fato de ter um emprego gera condições para uma boa vida.
      Embora se observe esse grande desenvolvimento na nação brasileira, muitos defeitos permanecem inseridos nela. Alguns deles são a concentração de terras nas mãos de poucos e a enorme desigualdade social. Ambos favorecem a existência de pessoas que são obrigadas a se submeterem a trabalhos escravos, por exemplo.
      Sabendo, portanto, da importância do trabalho na vida das pessoas e dos contrastes existentes no Brasil, deve-se tomar consciência de que o governo precisa dar mais atenção aos menos favorecidos financeiramente. Projetos sociais como o Bolsa Família ajudam, mas o que deve ser feito, na verdade, é investir mais em educação, buscando, assim, erradicar a miséria e a existência do trabalho desumano. Além disso, provavelmente, uma reforma agrária contribuiria para diminuir a desigualdade social, que é uma realidade que contribui para a existência desse tipo de escravismo.



Análise da Redação

Parágrafo 1: O Tema – O trabalho na construção da dignidade humana – aparece apresentado de forma diluída no parágrafo o que já evidencia a competência frasal do produtor textual. A Tese aparece muito bem construída no último período do parágrafo introdutório: “Há, porém, aquelas pessoas que, sem ter escolha, aceitam qualquer trabalho como forma de sobrevivência, submetendo-se, assim, à desvalorização da sua humanidade.”

Parágrafo 2: Já no Desenvolvimento, o primeiro argumento do autor para embasar sua Tese diz respeito à necessidade que as pessoas têm em buscar melhores empregos para uma melhor qualidade de vida. Um argumento, convenhamos, previsível.

Parágrafo 3: Inicialmente, a informação “… a concentração de terras nas mãos de poucos e a enorme desigualdade social.” parece fugir à ideia de trabalho na construção da dignidade humana; no entanto, a sua relação com o enunciado “Ambos favorecem a existência de pessoas que são obrigadas a se submeterem a trabalhos escravos, por exemplo.” elimina a possibilidade de fuga ao tema, estabelecendo uma perfeita relação de causa e consequência. Este, sim, é um bom argumento. Observe, também, que neste parágrafo aparece um desvio gramatical grave em “Alguns deles são a concentração de terras…” O verbo “ser” deveria estar no singular, pois este verbo prefere concordar com o Predicativo do Sujeito.

Parágrafo 4: Uma Conclusão um pouco alongada, o que evidencia uma inabilidade no uso da concisão, embora a Proposta de Intervenção apareça muito bem elaborada em “… mas o que deve ser feito, na verdade, é investir mais em educação, buscando, assim, erradicar a miséria e a existência do trabalho desumano.”
Com apenas dois argumentos – um bom e outro previsível –, um desvio gramatical grave e uma Conclusão muito alongada, à redação do candidato deveria ser creditada nota 7, no mínimo, e 8, no máximo.
Obs: Diz a eles que, no segundo dia, preocupem-se mais com a  redação do que com as provas, pois é mais provável tirar nota acima de 800, por exemplo, numa redação bem feita do que fazendo as questões. Peça pra eles relacionarem o tema com fatos históricos do passado e algo que aconetece no presente. Eles não podem terminar a redação sem dar nenhuma sugestão de mudanças ou algo do tipo. USAR RASCUNHO E PASSAR A LIMPO COM TODO O CUIDADO POSSÍVEL!!!

  Redação 2



   O trabalho é essencial para a construção da dignidade humana. A função social desenvolvida por cada indivíduo move e transforma a sociedade. Durante a história, nota-se a participação do trabalho escravo como elemento sustentador de grandes civilizações, como a romana e a egípcia. Atualmente, essa prática é repudiada, pois viola os direitos humanos. Entretanto, na realidade contemporânea, qual é o futuro do trabalho?

    No mundo globalizado, guiado pelos preceitos do toyotismo neoliberal, a inovação é sempre requisitada. Novas tecnologias surgem rapidamente e o trabalhador deve se atualizar constantemente. Além disso, novos movimentos propõem práticas sustentáveis e a inclusão da mulher no mercado de trabalho.

    Infelizmente ainda existem resquícios da mentalidade escravista. Alguns trabalhadores são submetidos a condições degradantes. Com a liberdade limitada, estas pessoas estão presas aos patrões e pouco têm a fazer para mudar essa situação. Cabe aos governos fiscalizar e adotar as devidas medidas para que os culpados sejam punidos e não voltem a repetir o crime.

   “Liberté, Egalité e Fraternité”. O lema que guiou os revolucionários franceses na construção da atual democracia, no século XVIII, deve continuar a valer. A liberdade ao trabalhador, a igualdade jurídica entre todos e a fraternidade, como sentimento motivador para a fiscalização e o cumprimento das leis trabalhistas, garantem a todos dignidade para cumprir sua função social.



Redações nota Mil 2011
"Redes sociais: o uso exige cautela", por Camila Pereira Zucconi Viçosa-MG É um ótimo TÍTULO e já indica a posição da candidata sobre o tema.

     Uma característica inerente às sociedades humanas é sempre buscar novas maneiras de se comunicar: cartas, telegramas e telefonemas são apenas alguns dos vários exemplos de meios comunicativos que o homem desenvolveu com base nessa perspectiva. E, atualmente, o mais recente e talvez o mais fascinante desses meios são as redes virtuais, consagradas pelo uso, que se tornam cada vez mais comuns. A contextualização desta INTRODUÇÃO é muito boa. A candidata acerta ao citar a evolução sofrida pelos meios de comunicação.

     Orkut, Twiter e Facebook são alguns exemplos das redes sociais (virtuais) mais acessadas do mundo e, convenhamos, a popularidade das mesmas se tornou tamanha que não ter uma página nessas redes é praticamente como não estar integrado ao atual mundo globalizado. Através desse novo meio as pessoas fazem amizades pelo mundo inteiro, compartilham ideias e opiniões, organizam movimentos, como os que derrubaram governos autoritários no mundo árabe e, literalmente, se mostram para a sociedade. Nesse momento é que nos convém cautela e reflexão para saber até que ponto se expor nas redes sociais representa uma vantagem. A autora do texto entendeu satisfatoriamente a proposta. Ao desenvolver sua ideia, mostra um conhecimento de mundo amplo, citando amizades, informações disseminadas e movimento políticos. Cabe destacar um ponto negativo na passagem: o uso do termo "convenhamos", típico da língua falada e que deve ser evitado em textos mais formais.

     Não saber os limites da nossa exposição nas redes virtuais pode nos custar caro e colocar em risco a integridade da nossa imagem perante a sociedade. Afinal, a partir do momento em que colocamos informações na rede, foge do nosso controle a consciência das dimensões de até onde elas podem chegar. Sendo assim, apresentar informações pessoais em tais redes pode nos tornar um tanto quanto vulneráveis moralmente. A primeira frase é bastante adequada. A partir dela, são discutidos prejuízos à integridade do indivíduo em razão do mau uso das redes sociais.

     Percebemos, portanto, que o novo fenômeno das redes sociais se revela como uma eficiente e inovadora ferramenta de comunicação da sociedade, mas que traz seus riscos e revela sua faceta perversa àqueles que não bem distinguem os limites entre as esferas públicas e privadas “jogando” na rede informações que podem prejudicar sua própria reputação e se tornar objeto para denegrir a imagem de outros, o que, sem dúvidas, é um grande problema. O parágrafo relaciona as duas ideias desenvolvidas anteriormente, o que é positivo. Há, contudo, um reparo a ser feito: a utilização de um único e longo período. Essa construção deve ser evitada, pois dá margem a erros e dificulta a leitura.

     Dado isso, é essencial que nessa nova era do mundo virtual, os usuários da rede tenham plena consciência de que tornar pública determinadas informações requer cuidado e, acima de tudo, bom senso, para que nem a própria imagem, nem a do próximo possa ser prejudicada. Isso poderia ser feito pelos próprios governos de cada país, e pelas próprias comunidades virtuais através das redes sociais, afinal, se essas revelaram sua eficiência e sucesso como objeto da comunicação, serão, certamente, o melhor meio para alertar os usuários a respeito dos riscos de seu uso e os cuidados necessários para tal. A solução sugerida nesta CONCLUSÃO é adequada porque procura combater o problema apresentado: a confusão entre público e privado. A autora faz um apelo ao bom senso, acrescentando que estado e comunidades virtuais devem cooperar no assunto. A posição satisfaz a orientação do Enem, que demanda do estudante uma proposta de intervenção específica e realizável.



Parágrafo 1: Construído com dois períodos, o parágrafo introdutório traz a apresentação do tema e deixa subentendida a tese do autor ao se referir à importância das redes sociais para a comunicação humana na vida moderna. Antes, o produtor textual se utilizou de sua bagagem cultural e relacionou algumas “maneiras” que o homem criou para colocar em prática essa comunicação, ou seja, “cartas, telegramas e telefonemas”, aparecendo, aí, implicitamente, o seu ponto de vista sobre o tema.

Parágrafo 2: Elaborando um perfeito Tópico Frasal, o candidato inicia o primeiro parágrafo do Desenvolvimento citando alguns exemplos de redes sociais para, em seguida, fazer a apresentação seu primeiro argumento: “… não ter uma página nessas redes é praticamente como não estar integrado ao atual mundo globalizado.” Em seguida, desenvolve o seguinte argumento: “… as pessoas fazem amizades pelo mundo inteiro, compartilham ideias e opiniões, organizam movimentos, como os que derrubaram governos autoritários no mundo árabe e, literalmente, se mostram para a sociedade.” No último período, existe uma sinalização para os aspectos negativos que serão tratados no próximo parágrafo.

Parágrafo 3: Em outro bem elaborado Tópico Frasal, o produtor cita um novo argumento, que é a extrapolação dos limites de exposição do usuário, desenvolve-o ao dizer que as informações publicadas fogem ao nosso controle e conclui refletindo sobre o perigo de ficarmos vulneráveis moralmente a essa situação.

Parágrafo 4: Aqui, ocorre o término da argumentação, quando o candidato cita os dois aspectos fundamentais na discussão do uso das redes sociais, ou seja, o fato de elas serem eficientes e inovadoras e, ao mesmo tempo, representarem um perigo à imagem das pessoas e as consequências advindas dessa exposição excessiva.

Parágrafo 5: Na Conclusão, aparece uma sugestão para resolução do problema em “… é essencial que nessa nova era do mundo virtual, os usuários da rede tenham plena consciência de que tornar pública determinadas informações requer cuidado e, acima de tudo, bom senso…”. Em outros concursos e exames que exigem uma produção textual, bastaria esse posicionamento do candidato, mas, no ENEM, é imprescindível a apresentação de uma Proposta de Intervenção, e ela está presente em “Isso poderia ser feito pelos próprios governos de cada país, e pelas próprias comunidades virtuais através das redes sociais.”
Sem dúvida, uma produção textual que revela competência textual do candidato. Necessário ressaltar que a Variante Padrão da Língua Portuguesa foi utilizada adequadamente, ocorrendo falhas, apenas, na ausência de vírgulas, no segundo período, do primeiro parágrafo, após a palavra “recente”, e no último período, do segundo parágrafo, depois da palavra “momento”. E não deveria existir, no último período, do último parágrafo, após a palavra “país”. Esses desvios, no entanto, não prejudicaram o conjunto da obra

Redação 2
Redação sem título de autoria de Alline Rodrigues da Silva (Uberaba-MG)



     A crescente popularização do uso da internet em grande parte do globo terrestre é uma das principais características do século XXI. Tal popularização apresenta grande relevância e gera impactos sociais, políticos e econômicos na sociedade atual. Nesta INTRODUÇÃO, a estudante opta por iniciar tratando do fenômeno da internet, deixando de fora a questão público/privado. Assim mesmo, ela deixa claro que entendeu a proposta, ao abordar o assunto logo no início do parágrafo seguinte. O emprego da expressão "tal popularização" garante a ligação entre as ideias, o que é essencial para a coesão do texto.

     Um importante questionamento em relação a esse expressivo uso da internet é o fato de existir uma linha tênue entre o público e privado nas redes sociais. Estas, constantemente são utilizadas para propagar ideias, divulgar o talento de pessoas até então anônimas, manter e criar vínculos afetivos, mas, em contrapartida também podem expor indivíduos mais do que o necessário, em alguns casos agredindo a sua privacidade. Ao escolher expressões como "uma linha tênue", "propagar ideias" e "vínculos afetivos", a autora expressa visão crítica sobre o assunto. Problemas de pontuação: uso errado de vírgulas nos trechos "Estas, constantemente são..." (seperando sujeito e verbo) e "... mas, em contrapartida também" (falta o sinal após "contrapartida"). Apesar disso, os erros não comprometem a clareza do raciocínio.

     Recentemente , ocorreram dois fatos que exemplificam ambas as situações. A “Primavera Árabe”, nome dado a uma série de revoluções ocorridas em países árabes, teve as redes sociais como importante meio de disseminação de ideias revolucionárias e conscientização desses povos dos problemas políticos, sociais e econômicos que assolam esses países. Neste caso, a internet agiu e continua agindo de forma benéfica, derrubando governos autoritários e pressionando melhorias sociais. O argumento tem estreita relação com a tese defendida e revela um raciocínio lógico da aluna.

     Em outro caso, bastante divulgado também na mídia, a internet serviu como instrumento de violação da privacidade. Fotos íntimas da atriz hollywoodiana Scarlett Johansson foram acessadas por um hacker através de seu celular e divulgadas pela internet para o mundo inteiro, causando um enorme constrangimento para a atriz. Os argumentos são precisos e evidenciam o caráter analítico do texto. Os exemplos escolhidos cumprem o papel de fundamentar as críticas e validar a proposta futura de que há necessidade de conscientização em relação às informações postadas nas redes.

     Analisando situações semelhantes às citadas anteriormente, conclui-se que é necessário que haja uma conscientização por parte dos internautas de que aquilo que for uma utilidade pública ou algo que não agrida ou exponha um indivíduo pode e deve ser divulgado. Já o que for privado e extremamente pessoal deve ser preservado e distanciado do mundo virtual , que compartilha informações para um grande número de pessoas em um curto intervalo de tempo. Dessa forma, situações realmente desagradáveis no incrível universo da internet serão evitadas. Nesta CONCLUSÃO, o mérito da solução não está na inovação absoluta da proposta, mas na articulação clara e coerente com a tese defendida pela candidata desde o início do texto, além do reconhecimento de que o meio virtual é "incrível", ou seja, não representa um mal por si só.
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Redações nota mil 2012
Tema: "A imigração para o Brasil no século XXI"
Título: 

A imigração em prol da liberdade



  O movimento imigratório é um fenômeno histórico na constituição da sociedade brasileira. A sua gênese ocorreu após a abolição da escravidão, quando necessitou-se de mão-de-obra livre para trabalhar nas lavouras de café. Na realidade contemporânea, as causas responsáveis pela imigração também são econômicas como as crises presenciadas pelos EUA e pela Europa. Dessa forma, como essa mobilidade espacial de trabalhadores influencia o país?



 Apesar do aspecto econômico ocorrido no passado, outros motivos causam a expulsão de contingentes populacionais de um país para outro. São exemplos a fuga de conflitos evidenciados no Oriente Médio, causas naturais como o terremoto no Haiti e pobreza como na Bolívia. A imigração apresenta aspectos negativos como o xenofobismo, sentimento de aversão ao estrangeiro e causa discriminação e perseguição. Durante a história, nota-se um exemplo desse preconceito. Em Esparta, cidade grega, não era permitido, a entrada de estrangeiros. 



  O medo dos estrangeiros ocuparem lugares no mercado de trabalho e influenciarem acultura de um dado país são fatores para a formação de tais grupos xenofóbicos. O Brasil é um país formado pela diversidade de etnias e não foi afetado significadamente pelas crises contemporâneas, sendo visto como destino para várias famílias estrangeiras. Dessa forma, espera-se do brasileiro uma recepção digna e igualitária a todos os estrangeiros desembarcados no país. 



  “Os preconceitos possuem mais razões do que princípios”. Dito por Maquiavel, essa frase retorna a origem da aversão ao diferente por razões impostas, sem causas específicas. No Brasil, as raízes históricas preconceituosas são eliminadas cotidianamente pela mistura de costumes, cultura e crenças de diversos povos. É primordial o aumento da criação de empregos e a melhoria na infra estrutura das cidades, como transporte, moradia, educação, saneamento básico e principalmente a eliminação por meio de leis e punições severas de grupos xenofóbicos. A inserção de maneira ética dos estrangeiros no país contribuirá positivamente para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.





Redação nota mil 2012
Tema: "A imigração para o Brasil no século XXI"
Título: 

Catalisador estrangeiro 



No final do século XX, o país passou por um período de grande prosperidade econômica que ficou conhecido como "Milagre econômico". O otimismo gerado por essa conjuntiva traduziu-se em uma frase que permanece, até hoje, na cultura popular: "Brasil o país do futuro". o crescente número de imigrantes que buscam terras Tupiniquins, porém, revela que talvez o futuro esteja próximo de chegar. Dessa forma, é preciso enxergar a oportunidade de crescimento que tal fenômeno representa é propor medidas que maximizem os benefícios e minimizem os problemas. 



Em um primeiro plano deve-se entender que o aumento do continente populacional gera uma série de problemas para o local de destino. Nesse sentido, a qualidade dos sistemas de saúde,, segurança, e educação que já não é ideal, no país, torna-se ainda mais precária caso não haja a definição do limite de absorção de imigrantes por cidade. Logo, faz-se necessária a ampliação da fiscalização das fronteiras do país pelas forças armadas para que haja maior controle do número de pessoas que desejam viver no país, além de uma melhor administração do local de destino evitando locais que já apresentam inchaço populacional. 



Entretanto, ainda que haja um limite de indivíduos, aqueles que aqui se estabelecem não são inseridos na sociedade e acabam por incrementar o setor informal da economia, quando poderiam contribuir para o crescimento do país, principal da economia, quando poderiam contribuir para o crescimento do país, principalmente em setores onde há carência de profissionais como na construção civil. Para amenizar tal quadro, as ONGs poderiam oferecer cursos de profissionalização aos imigrantes aproximando-os da dinâmica social do país. Afinal, não basta oferecer apenas água e alimentos como fez o governo no caso da chegada de 500 haitianos no Acre, ano passado. 



Torna-se evidente, portanto, que o país precisa administrar de forma mais consciente a expressiva chegada de imigrantes. Com esse objetivo, além das medidas anteriormente citadas a criação de uma "cartilha do imigrante" ajudaria no estabelecimento desses indivíduos uma vez que eles ficariam cientes de suas possibilidades sendo papel do Governo elaborá-la. Com os imigrantes incrementando não só a cultura como economia, a reação social de transformação em país do futuro, certamente será agilizada.




Redação nota mil 2012
Tema: "A imigração para o Brasil no século XXI"
Título: A imigração no Brasil

Durante, principalmente, a década de 1980, o Brasil mostrou-se um país de emigração. Na chamada década perdida, inúmeros brasileiros deixaram o país em busca de melhores condições de vida. No século XXI, um fenômeno inverso é evidente: a chegada ao Brasil de grandes contingentes imigratórios, com indivíduos de países subdesenvolvidos latino-americanos. No entanto, as condições precárias de vida dessas pessoas são desafios ao governo e à sociedade brasileira para a plena adaptação de todos os cidadãos à nova realidade. 

A ascensão do Brasil ao posto de uma das dez maiores economias do mundo é um importante fator atrativo aos estrangeiros. Embora o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) nacional, segundo previsões, seja menor em 2012 em relação a anos anteriores, o país mostra um verdadeiro aquecimento nos setores econômicos, representado, por exemplo, pelo aumento do poder de consumo da classe C. 

Esse aspecto contribui para a construção de uma imagem positiva e promissora do Brasil no exterior, o que favorece a imigração. A vida dos imigrantes no país, entretanto, exibe uma diferente e crítica faceta: a exploração da mão-de-obra e a miséria. 

Portanto, para impedir a continuidade dessa situação, é imprescindível a intervenção governamental, por meio da fiscalização de empresas que apresentem imigrantes como funcionários, bem como a realização de denúncias de exploração por brasileiros ou por imigrantes. Ademais, é necessário fomentar o respeito e a assistência a eles, ideais que devem ser divulgados por campanhas e por propagandas do governo ou de ONG’s, além de garantir seu acesso à saúde e à educação, por meio de políticas públicas específicas a esse grupo.

Redação nota mil 2012
Tema: "A imigração para o Brasil no século XXI"
Título: Braços abertos sobre a Guanabara

É indiscutível o aumento dos números imigratórios para o Brasil neste século a busca por esse país é entendido por fatos políticos, históricos e principalmente econômicos. Assim, a chegada de pessoas neste território pode ocasionar tensões sociais, porém contribui para elevar a diversidade étnica e a riqueza cultural. Vê-se, então, que há duas faces nesse contexto que devem encontrar o equilíbrio. 

O movimento migratório em direção ao Brasil cresce pelo fato de que a economia brasileira estar em um momento de ascendência. Indivíduos que não encontram opções de trabalho e de sobrevivência, nos seus países de origem migram em busca de condições favoráveis para melhorar ou manter seu padrão de vida. Esse é o fato dos europeus que fogem da crise socioeconômica em seu contingente e pintam um quadro inverso ao de um século atrás quando a evasão partia do Brasil. 

Além disso, o Brasil é conhecido pelo seu excelente recepcionamento já que seus costumes são constituídos da incorporação de outras, como feito pelo movimento antropofágico da semana de arte moderna de 1922, há 90 anos. Essa característica possibilita uma maior identificação entre os brasileiros e outros povos pois há uma proximidade entre eles, como por exemplo, os pratos típicos do sul que têm raízes alemães, suíças, entre outras, ou até mesmo as comemorações, como a OctoberFest que também é Alemã e atrai pessoas de todo o país.

Por outro lado, há uma preocupação com a postura governamental, pois o Brasil tem um histórico de submissão e alinhamento com alguns países cuja política é forte no mundo. Isso poderia gerar um favorecimento dos imigrantes ante os cidadãos brasileiros, como pela contratação dos primeiros como engenheiros, médicos e empresários para ocupar cargos altos de confiança. Essa problemática seria um potencial para gerar casos de xenofobia no território, sendo necessário o apoio público na preferência maritocrática por trabalhadores brasileiros. 

Dessa forma, observa-se que a imigração tem pontos positivos e negativos. Apesar de incrementar social e culturalmente o Estado brasileiro, esse movimento fermentar distorções da visão de mundo e disputas entre as populações. Por isso, é necessário um forte e eficaz controle da entrada de imigrantes, para que esses sejam recebidos e atendam aos vácuos trabalhistas deixadas pelo povo local, porém atentando aos limites de uma economia ainda em desenvolvimento. Isso pode ser feito com uma análise de vistas e supervisão de fronteiras com grande fluxo de pessoas. Assim, poderá dizer-se sempre que o Brasil, assim como seu maior monumento, esta de braços abertos para o mundo.

Redação nota mil 2012
Tema: "A imigração para o Brasil no século XXI"
Título: Imigração

Desde o processo de colonização brasileira, milhares de imigrantes vieram para o país para trabalharem como escravos (negros) nas lavouras e, depois da proibição da escravidão, europeus vieram para encontrar melhores condições de vida. Graças a vinda de africanos e europeus, o país desenvolveu uma cultura rica, repleta de miscigenações. Todavia, no século XXI, o movimento migratório para o Brasil vem ocorrido também devido a outros motivos. 

A economia brasileira está cada vez mais forte. O país está no “ranking” entre as dez economias que possuem maiores PIB’s do mundo. Além disso, o Brasil se tornou um grande exportador de commodities (termo utilizado para produtor no seu estado bruto, como por exemplo: soja e petróleo). Graças a isso, o país investe maciçamente em pesquisas para desenvolver e aprimorar técnicas no ramo petrolífero (como a descoberta do pré-sal) e no ramo da agricultura (com máquinas e o desenvolvimentos de terras improdutivas para se tornarem produtivas e das sementes transgênicas) atraindo milhares de imigrantes tanto para estudar como para novas oportunidades de emprego. 

Por outro lado, há outros motivos que atraem imigrantes para o país. Na sociedade contemporânea ainda existem grandes divergências em algumas etnias, como por exemplo a questão dos judeus e dos muçulmanos - o ódio entre alguns deles-. Paralelamente, a presença de governantes ditadores em alguns países (por exemplo Bolívia e países do Oriente Médio) intensificam a vida de imigrantes, já que seus países de origem encontram-se em situações precárias, sem acesso a direitos civis, políticos e sociais. 

Por conseguinte, o movimento imigratório para o brasil mostra o quanto ele vem se destacado internacionalmente. Contudo, para que esses imigrantes sintam-se acolhidos é necessário que o país invista tanto em educação como em infra-estrutura, além de programas sociais (educação profissionalizantes) feitos pelo governo para ajudar na inserção desses imigrantes na economia brasileira, e indubitavelmente, sem esquecer dos próprios brasileiros.




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Redações nota mil 2013



Redações nota mil 2014
Redação de Carlos Eduardo Lopes Marciano, 19 anos, do Rio
O verdadeiro preço de um brinquedo



    É comum vermos comerciais direcionados ao público infantil. Com a existência de personagens famosos, músicas para crianças e parques temáticos, a indústria de produtos destinados a essa faixa etária cresce de forma nunca vista antes. No entanto, tendo em vista a idade desse público, surge a pergunta: as crianças estariam preparadas para o bombardeio de consumo que as propagandas veiculam?

    Há quem duvide da capacidade de convencimento dos meios de comunicação. No entanto, tais artifícios já foram responsáveis por mudar o curso da História. A imprensa, no século XVIII, disseminou as ideias iluministas e foi uma das causas da queda do absolutismo. Mas não é preciso ir tão longe: no Brasil redemocratizado, as propagandas políticas e os debates eleitorais são capazes de definir o resultado de eleições. É impossível negar o impacto provocado por um anúncio ou uma retórica bem estruturada.

    O problema surge quando tal discurso é direcionado ao público infantil. Comerciais para essa faixa etária seguem um certo padrão: enfeitados por músicas temáticas, as cenas mostram crianças, em grupo, utilizando o produto em questão.Tal manobra de “marketing” acaba transmitindo a mensagem de que a aceitação em seu grupo de amigos está condicionada ao fato dela possuir ou não os mesmos brinquedos que seus colegas. Uma estratégia como essa gera um ciclo interminável de consumo que abusa da pouca capacidade de discernimento infantil.

    Fica clara, portanto, a necessidade de uma ampliação da legislação atual a fim de limitar, como já acontece em países como Canadá e Noruega, a propaganda para esse público, visando à proibição de técnicas abusivas e inadequadas. Além disso, é preciso focar na conscientização dessa faixa etária em escolas, com professores que abordem esse assunto de forma compreensível e responsável. Só assim construiremos um sistema que, ao mesmo tempo, consiga vender seus produtos sem obter vantagem abusiva da ingenuidade infantil.


Redação de João Pedro Maciel Schlaepfer, 19 anos, do Rio
Quem Sabe o que é Melhor Para Ela?
    Desde o final de 1991, com a extinção da antiga União Soviética, o capitalismo predomina como sistema econômico. Diante disso, os variados ramos industriais pesquisam e desenvolvem novas formas e produtos que atinjam os mais variados nichos de mercado. Esse alcance, contudo, preocupa as famílias e o Estado quando se analisa a publicidade voltada às crianças em contraponto à capacidade de absorção crítica das propagandas por parte desse público-alvo.
    Por ser na infância que se apreende maior quantidade de informações, a eficiência da divulgação de um bem é maior. O interesse infantil a determinados produtos é aumentado pela afirmação do desejo em meios de comunicação, sobretudo ao se articular ao anúncio algum personagem conhecido. Assim, a ânsia consumista dos mais jovens é expandida.
    Além disso, o nível de criticidade em relação à propaganda é extremamente baixo. Isso se deve ao fato de estarem em fase de composição da personalidade, que é pautada nas experiências vividas e, geralmente, espelhada em um grupo de adultos-exemplo. Dessa forma, o jovem fica suscetível a aceitar como positivo quase tudo o que lhe é oferecido, sem necessariamente avaliar se é algo realmente imprescindível.
    Com base nisso, o governo federal pode determinar um limite, desassociando personagens e figuras conhecidas aos comerciais, sejam televisivos, radiofônicos, por meios impressos ou quaisquer outras possibilidades. A família, por outro lado, tem o dever de acompanhar e instruir os mais novos em como administrar seus desejos, viabilizando alguns e proibindo outros.
    Nesse sentido, torna-se evidente, portanto, a importância do acessoria parental e organização do Estado frente a essa questão. Não se pode atuar com descaso, tampouco ser extremista. A criança sabe o que é melhor para ela? Talvez saiba, talvez não. Até que se descubra (com sua criticidade amadurecida), cabe às entidades superiores auxiliá-la nesse trajeto.

Redação de José Querino de Macêdo Neto, 17 anos, de Maceió, Alagoas
    Se o conceito censitário de publicidade entende o uso de recursos estilísticos da linguagem, a exemplo da metáfora e das frases de efeito, como atrativo na vendagem de produtos, a manipulação de instrumentos a serviço da propaganda infantil produz efeitos que dão margem mais visível ao consumo desnecessário. Com base nisso, estabelecem-se propostas de debate social acerca do limite de conteúdos designados a comerciais televisivos que se dirigem a tal público.

    Faz-se preciso, no entanto, que se ressaltem as intenções das grandes empresas de comércio: o lucro é, sobretudo, ditador das regras morais e decisivo na escolha das técnicas publicitárias. Para Marx, por exemplo, o capital influencia, através do acúmulo de riquezas, os padrões que decidem a integração de um indivíduo no meio em que ele se insere — nesse caso, possuir determinados produtos é chave de aceitação social, principalmente entre crianças de cuja inocência se aproveita ao inferir importâncias na aquisição.

    Em contraposição a esses avanços econômicos e aos interesses dos grandes setores nacionais de mercado infanto-juvenil, os órgãos de ativismo em proteção à criança utilizam-se do Estatuto da Criança e do Adolescente para defender os direitos legítimos da não-ludibriação, detidos por indivíduos em processo de formação ética. Não obstante, a regulamentação da propaganda tende a equilibrar os ganhos das empresas com o crescente índice de consumo desenfreado.

    Cabe, portanto, ao governo, à família e aos demais segmentos sociais estimular o senso crítico a partir do debate em escolas e creches, de forma a instruir que as necessidades individuais devem se sobrepor às vontades que se possuem, a fim de coibir o abuso comercial e o superconsumo.

Redação de Juan Costa da Costa, tenho 16 anos, de Belém do Pará



    Muito se discute acerca dos limites que devem ser impostos à publicidade e propaganda no Brasil - sobretudo em relação ao público infantil. Com o advento do meio técnico-científico informacional, as crianças são inseridas de maneira cada vez mais precoce ao consumismo imposto por uma economia capitalista globalizada - a qual preconiza flexibilidade de produção, adequando-se às mais diversas demandas. Faz-se necessário, portanto, uma preparação específica voltada para esse jovem público, a fim de tornar tal transição saudável e gerar futuros consumidores conscientes.



    Um aspecto a ser considerado remete à evolução tecnológica vivenciada nas últimas décadas. Os carrinhos e bonecas deram lugar aos "smartphones", videogames e outros aparatos que revolucionaram a infância das atuais gerações. Logo, tornou-se essencial a produção de um marketing voltado especialmente para esse consumidor mirim - objetivando cativá-lo por meio de músicas, personagens e outras estratégias persuasivas. Tal fator é corroborado com a criação de programas e até mesmo canais voltados para crianças (como Disney, Cartoon Network e Discovery Kids), expandindo o conceito de Indústria Cultural (defendido por filósofos como Theodor Adorno) - o qual aborda o uso dos meios de comunicação de massa com fins propagandísticos.



    Somado a isso, o impasse entre organizações protetoras dos direitos das crianças e os grandes núcleos empresariais fomenta ainda mais essa pertinente discussão. No Brasil, vigoram os acordos isolados com o Poder Público - sem a existência de leis específicas. Recentemente, a Conanda (Comissão Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente) emitiu resolução condenando a publicidade direcionada ao público infantil, provocando o repúdio de empresários e propagandistas - que não reconhecem autoridade dessa instituição para atuar sobre o mercado. Diante desses posicionamentos antagônicos, o debate persiste.

    Com o intuito de melhor adequar os "consumidores do futuro" a essa realidade, e não apenas almejar o lucro, é preciso prepará-los para absorver as muitas informações. Isso pode ser obtido por meio de campanhas promovidas pelo Poder Público nas escolas (com atividades lúdicas e conscientizadoras) e na mídia (TV, rádio, jornais impressos, internet), bem como a criação de uma legislação específica sobre marketing infantil no Brasil - fiscalizando empresas (prevenindo possíveis abusos) - além de orientação aos pais para que melhor lidem com o impulso de consumo dos filhos (tornando as crianças conscientes de suas reais necessidades). Dessa forma, os consumidores da próxima geração estarão prontos para cumprirem suas responsabilidades quanto cidadãos brasileiros (preocupados também com o próximo) e será promovido o desenvolvimento da nação.

Redação de Maria Eduarda de Aquino Correa Ilha, 18 anos, do Rio
Consumidores do futuro



    De acordo com o movimento romântico literário do século XIX, a criança era um ser puro. As tendências do Romantismo influenciavam a temática poética brasileira através da idealização da infância. Indo de encontro a essa visão, a sociedade contemporânea, cada vez mais, erradica a pureza dos infantes através da influência cultural consumista presente no cotidiano. Nesse contexto, é preciso admitir que a alegação de uma sociedade conscientizada se tornou uma maneira hipócrita de esconder os descaso em relação aos efeitos da publicidade infantil no país.

    Em primeiro plano, deve-se notar que o contexto brasileiro contemporâneo é baseado na lógica capitalista de busca por lucros e de incentivo ao consumo. Esse comportamento ganancioso da iniciativa privada é incentivado pelos meios de comunicação, que buscam influenciar as crianças de maneira apelativa no seu dia-a-dia. Além disso, a ausência de leis nacionais acerca dos anúncios infantis acaba por proporcionar um âmbito descontrolado e propício para o consumo. Desse modo, a má atuação do governo em relação à publicidade infantil resulta em um domínio das influências consumistas sobre a geração de infantes no Brasil.

    Por trás dessa lógica existe algo mais grave: a postura passiva dos principais formadores de consciência da população. O contexto brasileiro se caracteriza pela falta de preocupação moral nas instituições de ensino, que focam sua atuação no conteúdo escolar em vez de preparar a geração infantil com um método conscientizador e engajado. Ademais, a família brasileira pouco se preocupa em controlar o fluxo de informações consumistas disponíveis na televisão e internet. Nesse sentido, o despreparo das crianças em relação ao consumo consciente e às suas responsabilidades as tornam alvos fáceis para as aquisições necessárias impostas pelos anúncios publicitários.

    Torna-se evidente, portanto, que a questão da publicidade infantil exige medidas concretas, e não um belo discurso. É imperioso, nesse sentido, uma postura ativa do governo em relação à regulamentação da propaganda infantil, através da criação de leis de combate aos comerciais apelativos para as crianças. Além disso, o Estado deve estimular campanhas de alerta para o consumo moderado. Porém, uma transformação completa deve passar pelo sistema educacional, que em conjunto com o âmbito familiar pode realizar campanhas de conscientização por meio de aulas sobre ética e moral. Quem sabe, dessa forma, a sociedade possa tornar a geração infantil uma consumidora consciente do futuro, sem perder a pureza proposta pelo Movimento Romântico.


Redação de Mariana Pereira Pimenta, 17 anos, de Maricá



    A publicidade vem sendo valorizada com a constante globalização, onde o marketing se apropria em atingir diferentes parcelas populacionais. A questão da publicidade infantil vem ganhando destaque no cenário mundial, sendo criticadas suas grandes demandas dirigidas à criança, persuadindo-as em favor do consumismo.

    Com a crescente classe média do país, onde milhares de brasileiros são favorecidos pelos créditos governamentais, o consumismo vem afetando toda essa parcela populacional, deixando no passado a falta de eletrodomésticos e a participação social favorecida as elites. Com participação das principais mídias, agrava o abuso do imaginário infantil ao mesmo tempo em que favorece na distinção do benéfico e maléfico ao padrão de vida individual.

    É cabível que a anulação da publicidade infantil põe em xeque os ideais democráticos, confrontando tanto as famílias como o mercado publicitário, discriminando tal faixa etária ao mesmo tempo prejudicando o mercado consumidor, fator que pode levar a uma crise interna e abdicar do desenvolvimento comercial de um país subdesenvolvido.

    Portanto, a busca da comercialização muitas vezes abrange seu favorecimento através do imaginário infantil com os ideais seguidos por seus ídolos. Entretanto, é de responsabilidade dos pais na conscientização do bom e/ou ruim, em conjunto com a escolaridade infantil na abdicação do consumismo ao mesmo tempo em que o governo estude medidas preventivas que busquem o controle da exploração publicitária sem que atrapalhe o andar econômico do país.


Redação de Nathalia Cardozo, 19 anos, de São João de Meriti



     Produtos e serviços são necessários a qualquer sociedade. Dentre eles, estão serviços de planos de saúde, financiamento de moradias, compra de roupas e alimentos, entre outros elementos presentes no âmbito social. A publicidade e a propaganda exercem papel essencial na divulgação desses bens. No entanto, é preciso atenção por parte dos consumidores para analisar e selecionar que tipos de propagandas são fidedignas, e no caso de publicidade direcionada a crianças e adolescentes, essa medida nem sempre é possível.

     Em um primeiro plano, é importante constatar que as crianças não possuem capacidade de analisar os prós e contras da compra de um produto. Nesse sentido, os elementos persuasivos da propaganda têm grande influência no pensamento dos indivíduos da Primeira Idade, já que personagens infantis, brinquedos e músicas conhecidas por eles estimulam uma ideia positiva sobre o produto ou serviço anunciado, mas não uma análise do mesmo. Infere-se, assim, que a utilização desses recursos é abusiva, uma vez que vale-se do fato de a criança ser facilmente induzida e do apego às imagens de caráter infantil, considerando apenas o êxito do objetivo da propaganda: persuadir o possível consumidor.

    Além disso, observa-se que as ações do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) são importantes, porém insuficientes nesse quesito. O Conar busca, entre outros aspectos, impedir a veiculação de propagandas enganosas, porém respeita o uso da persuasão. Assim, ao longo dos anos, pode-se perceber que o Conar não considera o apelo infantil abusivo e permitiu a transmissão de propagandas destinadas ao público infantil, já que essas permanecem na mídia. Diante desse raciocínio, é possível considerar a resolução do Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) válida e necessária para a contenção dos abusos propagandísticos evidenciados.

    Tendo em vista a realidade abusiva da propaganda infantil, é necessário que o Conar e o Conanda trabalhem juntos para providenciar uma análise ainda mais criteriosa dos anúncios publicitários dirigidos à primeira infância, a fim de verificar as técnicas de indução utilizadas. Ademais, a família e o sistema educacional brasileiro devem proporcionar às crianças uma educação relacionada a questões analíticas e argumentativas para que, já na adolescência, possam distinguir de maneira cautelosa as intenções dos órgãos publicitários e a validez das propagandas. Dessa forma, será possível conter os abusos e estabelecer justiça nesse contexto.


Redação de Raphael Luan Carvalho de Souza, 18 anos, de Niterói
Folha em Branco
    Durante o século XX, o estímulo à produção industrial, por Getúlio Vargas, e o incentivo à integração nacional, de Juscelino Kubitschek, foram fatores que possibilitaram a popularização dos meios de comunicação no Brasil. Com isso, cresceu também a publicidade infantil, que busca introduzir nas crianças, desde cedo, o princípio capitalista de consumo. No entanto, essa visão negativa pode ser significativamente minimizada, desde que acompanhada de uma forte base educacional que auxilia as crianças a discernir por meio do desenvolvimento de senso crítico próprio.
    É indiscutível a presença de fatores prejudiciais nas propagandas dirigidas a essa faixa etária. Segundo o conceito de felicidade, discutido na filosofia da antiguidade por Aristóteles, a eudaimonia é alcançada com a união equilibrada entre razão e satisfação de prazeres. Contudo, evidencia-se que, na infância, o indivíduo não possui ainda discernimento racional suficiente, o que faz com que a criança, ao ter acesso a publicidades, pense que o produto divulgado é extremamente necessário. Isso acarreta, de forma negativa, a formação de jovens e adultos excessivamente consumistas.
    Entretanto, essa tendência pode ser revertida se somada à instrução adequada do público-alvo do mercado publicitário infantil. Segundo a tábula rasa de John Locke, nascemos como uma folha em branco, sem conhecimento, e o adquirimos por meio da experiência. A partir desse pensamento, é possível entender que é função dos pais educar as crianças, haja vista que estas são influenciadas pelo meio em que vivem. Com o apoio da base familiar, somada à escolar, cria-se o senso crítico, que possibilita a gradativa menor influência da linguagem publicitária. Desse modo, evidencia-se que o poder de persuasão do mercado apelativo não é absoluto.
    Por fim, entende-se que, embora a publicidade infantil seja preocupante, tal efeito é reduzido com o desenvolvimento do senso crítico, seja na base familiar, seja na escolar. A fim de atenuar o problema, o Estado deve implementar, no ensino de base, projetos educacionais de análise de linguagens com o auxílio do Ministério da Educação e Cultura e governos municipais, visando a evidenciar, para a faixa etária infantil, a suma relevância da consciência sobre reais necessidades de consumo. Dessa forma, a folha em branco ao nascer poderá ser preenchida, formando cidadãos, de fato, conscientes.

Redação de Rosely Costa Sousa, 28 anos, de São Luís do Maranhão



    A grande preocupação hoje, nas políticas públicas, é propiciar um melhor atendimento integral à criança, principalmente no que se refere ao desenvolvimento moral, social, político e cultural enquanto sujeito ativo e participante dos plenos direitos e deveres na sociedade, conforme as normas declaradas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

    Sabe-se que a educação, tanto nas escolas quanto no lar, é a melhor opção para se chegar a um objetivo promissor, além de promover o desenvolvimento integral da criança, porém tal fato tem sofrido mudanças ultimamente decorrentes do avanço tecnológico e de inovações ideológicas quanto à forma de aprimorar e preparar a criança, desde o nascimento, para receber as informações que há no mundo exterior. Diante disso, as escolas e os pais devem preocupar-se em desenvolver na criança, o seu lado consumidor, através de situações do dia a dia, auxiliando-a e orientando-a a se tornar um bom consumidor, sendo necessário e importante para se obter uma aprendizagem significativa da sua realidade.

    Em relação à publicidade infantil, percebe-se que a tendência das empresas e fabricantes de produtos infantis é aumentar seus negócios e divulgar seus produtos infantis tendo como alvo, o universo infantil, o que isso, sobretudo, recai nas responsabilidades dos adultos que acabam cedendo-a a adquirir, de forma compulsiva, o produto anunciado.

    No Brasil, a publicidade infantil é comum, principalmente em datas comemorativas tais como Dia das Crianças e Natal, porém defende e apoia a legislação que controla e evita abusos do setor que realiza tal publicidade.
    No entanto, espera-se que a publicidade infantil assuma um caráter educativo, apesar de ser persuasivo, não afetando os direitos e os deveres da criança, dentro das normas contidas na legislação do país. As escolas e, sobretudo os pais, devem orientar as crianças a tornarem-se bons consumidores, realizando a escolha certa do produto, conscientes de suas atitudes na sociedade em adquirir tal produto a fim de não tornarem-se consumidoras compulsivas.

Redações nota mil 2015, Tema: A persistência da violência contra a mulher na sociedade Brasileira

Redação 1:

     A violência contra a mulher no Brasil tem apresentado aumentos significativos nas últimas décadas. De acordo com o Mapa da Violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em 230% no período de 1980 a 2010. Além da física, o balanço de 2014 relatou cerca de 48% de outros tipos de violência contra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar que essa problemática persiste por ter raízes históricas e ideológicas.
    O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal. Isso se dá porque, ainda no século XXI, existe uma espécie de determinismo biológico em relação às mulheres. Contrariando a célebre frase de Simone de Beavouir “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, a cultura brasileira, em grande parte, prega que o sexo feminino tem a função social de se submeter ao masculino, independentemente de seu convívio social, capaz de construir um ser como mulher livre.   Dessa forma, os comportamentos violentos contra as mulheres são naturalizados, pois estavam dentro da construção social advinda da ditadura do patriarcado. Consequentemente, a punição para este tipo de agressão é dificultada pelos traços culturais existentes, e, assim, a liberdade para o ato é aumentada.
    Além disso, já o estigma do machismo na sociedade brasileira. Isso ocorre porque a ideologia da superioridade do gênero masculino em detrimento do feminino reflete no cotidiano dos brasileiros. Nesse viés, as mulheres são objetificadas e vistas apenas como fonte de prazer para o homem, e são ensinadas desde cedo a se submeterem aos mesmos e a serem recatadas. Dessa maneira, constrói-se uma cultura do medo, na qual o sexo feminino tem medo de se expressar por estar sob a constante ameaça de sofrer violência física ou psicológica de seu progenitor ou companheiro. Por conseguinte, o número de casos de violência contra a mulher reportados às autoridades é baixíssimo, inclusive os de reincidência.
    Pode-se perceber, portanto, que as raízes históricas e ideológicas brasileiras dificultam a erradicação da violência contra a mulher no país. Para que essa erradicação seja possível, é necessário que as mídias deixem de utilizar sua capacidade de propagação de informação para promover a objetificação da mulher e passe a usá-la para difundir campanhas governamentais para a denúncia de agressão contra o sexo feminino. Ademais, é preciso que o Poder Legislativo crie um projeto de lei para aumentar a punição de agressores, para que seja possível diminuir a reincidência. Quem sabe, assim, o fim da violência contra a mulher deixe de ser uma utopia para o Brasil.

Redação 2: 



Parte desfavorecida

    De acordo com o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um “corpo biológico” por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si. Desse modo, para que esse organismo seja igualitário e coeso, é necessário que todos os direitos dos cidadãos sejam garantidos. Contudo, no Brasil, isso não ocorre, pois em pleno século XXI as mulheres ainda são alvos de violência. Esse quadro de persistência de maus tratos com esse setor é fruto, principalmente, de uma cultura de valorização do sexo masculino e de punições lentas e pouco eficientes por parte do Governo.

    Ao longo da formação do território brasileiro, o patriarcalismo sempre esteve presente, como por exemplo na posição do “Senhor do Engenho”, consequentemente foi criada uma noção de inferioridade da mulher em relação ao homem. Dessa forma, muitas pessoas julgam ser correto tratar o sexo feminino de maneira diferenciada e até desrespeitosa. Logo, há muitos casos de violência contra esse grupo, em que a agressão física é a mais relatada, correspondendo a 51,68% dos casos. Nesse sentido, percebe-se que as mulheres têm suas imagens difamadas e seus direitos negligenciados por causa de uma cultural geral preconceituosa. Sendo assim, esse pensamento é passado de geração em geração, o que favorece o continuismo dos abusos.

    Além dessa visão segregacionista, a lentidão e a burocracia do sistema punitivo colaboram com a permanência das inúmeras formas de agressão. No país, os processos são demorados e as medidas coercitivas acabam não sendo tomadas no devido momento. Isso ocorre também com a Lei Maria da Penha, que entre 2006 e 2011 teve apenas 33,4% dos casos julgados. Nessa perspectiva, muitos indivíduos ao verem essa ineficiência continuam violentando as mulheres e não são punidos. Assim, essas são alvos de torturas psicológicas e abusos sexuais em diversos locais, como em casa e no trabalho.

    A violência contra esse setor, portanto, ainda é uma realidade brasileira, pois há uma diminuição do valor das mulheres, além do Estado agir de forma lenta. Para que o Brasil seja mais articulado como um “corpo biológico” cabe ao Governo fazer parceria com as ONGs, em que elas possam encaminhar, mais rapidamente, os casos de agressões às Delegacias da Mulher e o Estado fiscalizar severamente o andamento dos processos. Passa a ser a função também das instituições de educação promoverem aulas de Sociologia, História e Biologia, que enfatizem a igualdade de gênero, por meio de palestras, materiais históricos e produções culturais, com o intuito de amenizar e, futuramente, acabar com o patriarcalismo. Outras medidas devem ser tomadas, mas, como disse Oscar Wilde: “O primeiro passo é o mais importante na evolução de um homem ou nação. ”


Redação 3



Violação à dignidade feminina



    Historicamente, o papel feminino nas sociedades ocidentais foi subjugado aos interesses masculinos e tal paradigma só começou a ser contestado em meados do século XX, tendo a francesa Simone de Beauvoir como expoente. Conquanto tenham sido obtidos avanços no que se refere aos direitos civis, a violência contra a mulher é uma problemática persistente no Brasil, uma vez que ela se dá- na maioria das vezes- no ambiente doméstico. Essa situação dificulta as denúncias contra os agressores, pois muitas mulheres temem expor questões que acreditam ser de ordem particular.

    Com efeito, ao longo das últimas décadas, a participação feminina ganhou destaque nas representações políticas e no mercado de trabalho. As relações na vida privada, contudo, ainda obedecem a uma lógica sexista em algumas famílias. Nesse contexto, a agressão parte de um pai, irmão, marido ou filho; condição de parentesco essa que desencoraja a vítima a prestar queixas, visto que há um vínculo institucional e afetivo que ela teme romper.
    Outrossim, é válido salientar que a violência de gênero está presente em todas as camadas sociais, camuflada em pequenos hábitos cotidianos. Ela se revela não apenas na brutalidade dos assassinatos, mas também nos atos de misoginia e ridicularização da figura feminina em ditos populares, piadas ou músicas. Essa é a opressão simbólica da qual trata o sociólogo Pierre Bordieu: a violação aos Direitos Humanos não consiste somente no embate físico, o desrespeito está –sobretudo- na perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade da pessoa humana ou de um grupo social.
   Destarte, é fato que o Brasil encontra-se alguns passos à frente de outros países o combate à violência contra a mulher, por ter promulgado a Lei Maria da Penha. Entretanto, é necessário que o Governo reforce o atendimento às vítimas, criando mais delegacias especializadas, em turnos de 24 horas, para o registro de queixas. Por outro lado, uma iniciativa plausível a ser tomada pelo Congresso Nacional é a tipificação do feminicídio como crime de ódio e hediondo, no intuito de endurecer as penas para os condenados e assim coibir mais violações. É fundamental que o Poder Público e a sociedade – por meio de denúncias – combatam praticas machistas e a execrável prática do feminicídio.


Redações nota mil 2016, Tema: Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil

Texto de Nathalia Couri Vieira Marques

Existem, atualmente, diversos conflitos religiosos no mundo, fato que pode ser exemplificado pelas ações do Estado Islâmico, que utiliza uma visão radical do islamismo sunita. Nesse contexto, percebe-se que tal realidade de intolerância também ocorre no Brasil, um país com dimensões continentais e grande diversidade religiosa. Assim, tornam-se progressivamente mais comuns episódios de violência motivados pela religião, o que é contraditório, visto que o Brasil é laico e a Constituição de 1988 garante a liberdade de crença das diferentes manifestações culturais. Portanto, medidas que alterem essa situação devem ser adotadas.

A globalização é um processo que tende à homogeneização, à cultura de massa. No entanto, ainda existem diversas formas de expressão cultural e artística, assim como de manifestações religiosas. Dessa maneira, surge na população um preconceito latente, que pode evoluir e motivar a prática de atos violentos pelo indivíduo. Essa situação pode ser considerada reflexo da visão etnocêntrica de parte da sociedade, que considera seus costumes e crenças superiores aos hábitos dos demais. A educação brasileira, que, na maioria das vezes, é altamente conservadora, agrava a questão.

Também é válido ressaltar que o aumento na eleição de políticos conservadores e que assumem uma postura radical na defesa de suas ideologias dificulta a diminuição da intolerância religiosa no Brasil. A ausência de representantes das minorias religiosas impede a implantação de políticas afirmativas e que garantam, de fato, a potencialização da tolerância e da igualdade na manifestação das diversas crenças. Como, segundo Marilena Chauí, a democracia é baseada na igualdade, liberdade e participação, percebe-se que a não participação de toda a sociedade na política, aliada à frágil liberdade religiosa, dificultam a existência de um regime democrático pleno no Brasil.

Portanto, é necessária a criação de cotas, ação que deve ser feita pelo poder público, que garantam a presença de representantes das diversas expressões religiosas na política, o que permitiria a aprovação de medidas afirmativas que reduziriam a intolerância no Brasil. Além disso, é válida a implantação de espaços de discussão nas escolas, direcionadas aos pais e alunos, sobre a diversidade de expressões culturais, o que conscientizaria os futuros cidadãos sobre a legitimidade de cada manifestação religiosa e diminuiria a visão etnocêntrica presente nos indivíduos. Por fim, deve haver a criação de campanhas nas redes sociais, realizadas pela sociedade civil, que amenizem o preconceito presente na população, o que conduziria a uma sociedade progressivamente mais justa, igualitária e democrática.

Texto de João Vitor Vasconcelos Ponte

O Brasil foi formado pela união de diversas bases étnicas e culturais e, consequentemente, estão presentes em seu território várias religiões. Entretanto, nem essa diversidade nem a liberdade religiosa garantida pela Constituição Cidadã faz com que o país seja respeitoso com as diferentes crenças. Fazendo uma analogia com a filosofia kantiana, a intolerância existente pode ser vista como o resultado de fatores inatos ao indivíduo com o que foi incorporado a partir das experiências vividas.

Em primeiro lugar, é notória a dificuldade que há no homem em aceitar o diferente, principalmente ao se tratar de algo tão pessoal como a religião. Prova disso é a presença da não aceitação das crenças alheias em diferentes regiões e momentos históricos, como no Império Romano antigo, com as persiguições aos cristãos, na Europa Medieval, com as Cruzadas e no atual Oriente Médio, com os conflitos envolvendo o Estado Islâmico. Também pode-se comprovar a existência da intolerância religiosa pela frase popular “religião não se discute”, que propõe ignorar a temática para evitar os conflitos evidentes ao se tratar do assunto. Desse modo, nota-se que a intolerância não se restringe a um grupo específico e é, de certa forma, natural ao ser humano, o que, porém, não significa que não pode o deve ser combatida.

Além da intolerância inata ao homem, há fatores externos que intensificam o problema. No cenário brasileiro, o processo colonizador e seus legados, que perduram até hoje, são os principais agravantes desse preconceito. Desde a chegada dos europeus no país, as religiões diferentes da oficial são discriminadas. Logo no início da colonização, o processo de catequização dos nativos foi incentivado, o que demonstra o desrespeito com as religiões indígenas, e, décadas depois, com o início do tráfico negreiro, houve também perseguição às religiões afrobrasileiras e a construção de uma imagem negativa acerca delas. Toda essa mentalidade perpetuou-se no ideário coletivo brasileiro e, apesar dos avanços legais, faz com que essas religiões sejam as mais afetadas pela intolerância atualmente.

É necessário, pois, que se reverta a mentalidade retrógrada e preconceituosa predominante no Brasil. Para tal, o Estado deve veicular campanhas de conscientização, na TV e na internet, que informem a população sobre a diversidade religiosa do país e a necessidade de respeitá-las. Essas campanhas também podem, para facilitar a detecção e o combate ao problema, divulgar contatos para denúncia de casos de intolerância religiosa. Concomitantemente, é fundamental o papel da escola de pregar a tolerância já que, segundo Immanuel Kant, “o homem é aquilo que a educação faz dele”. Portanto, a escola deve promover palestras sobre as diferenças crenças do país, ministradas por especialistas na área ou por membros dessas religiões, a fim de quebrar estereótipos preconceituosos e tornar os jovens mais tolerantes.

Texto de Desirée Macarroni Abbade

Em meados do século passado, o escritor austríaco Stefan Zweig mudou-se para o Brasil devido à perseguição nazista na Europa. Bem recebido e impressionado com o potencial da nova casa, Zweig escreveu um livro cujo título é até hoje repetido: “Brasil, país do futuro”. Entretanto, quando se observa a deficiência das medidas na luta contra a intolerância religiosa no Brasil, percebe-se que a profecia não saiu do papel. Nesse sentido, é preciso entender suas verdadeiras causas para solucionar esse problema.

A princípio, é possível perceber que essa circunstância deve-se a questões políticas-estruturais. Isso se deve ao fato de que, a partir da impunidade em relação a atos que manifestem discriminação religiosa, o seu combate é minimizado e subaproveitado, já que não há interferência para mudar tal situação. Tal conjuntura é ainda intensificada pela insuficiente laicidade do Estado, uma vez que interfere em decisões políticas e sociais, como aprovação de leis e exclusão social. Prova disso, é, infelizmente, a existência de uma “bancada evangélica” no poder público brasileiro. Dessa forma, atitudes agressivas e segregacionistas devido ao preconceito religioso continuam a acontecer, pondo em xeque o direito de liberdade religiosa, o que evidencia falhas nos elementos contra a intolerância religiosa brasileira.

Outrossim, vale ressaltar que essa situação é corroborada por fatores socioculturais. Durante a formação do Estado brasileiro, a escravidão se fez presente em parte significativa do processo, e com ela vieram as discriminações e intolerâncias culturais, derivados de ideologias como superioridade do Homem Branco e Darwinismo Social. Lamentavelmente, tal perspectiva é vista até hoje no território brasileiro. Bom exemplo disso são os índices que indicam que os indivíduos seguidores e pertencentes das religiões afro-brasileiras são os mais afetados. Dentro dessa lógica, nota-se que a dificuldade de prevenção e combate ao desprezo e preconceito religioso mostra-se fruto de heranças coloniais discriminatórias, as quais negligenciam tanto o direito à vida quanto o direito de liberdade de expressão e religião. 

Torna-se evidente, portanto, que os caminhos para a luta contra a intolerância religiosa no Brasil apresentam entraves que necessitam ser revertidos. Logo, é necessário que o Governo investigue casos de impunidade por meio de fiscalizações no cumprimento de leis, abertura de mais canais de denúncia e postos policiais. Além disso, é preciso que o poder público busque ser o mais imparcial (religiosamente) possível, a partir de acordos pré-definidos sobre o que deve, ou não, ser debatido na esfera política e disseminado para a população. Ademais, as instituições de ensino, em parceria com a mídia e ONGs, podem fomentar o pensamento crítico por intermédio de pesquisas, projetos, trabalhos, debates e campanhas publicitárias esclarecedoras. Com essas medidas, talvez, a profecia de Zweig torne-se realidade no presente.

Texto de Giovanna Tami Soares Takahashi

Segundo a atual Constituição Federal, o Brasil é um país de Estado laico, ou seja, a sociedade possui o direito de exercer qualquer religião, crença ou culto. Entretanto, essa liberdade religiosa encontra-se afetada, uma vez que é notório o crescimento da taxa de violência com relação à falta de tolerância às diferentes crenças. Assim, diversas medidas precisam ser tomadas para tentar combater esse problema, incitando uma maior atenção do Poder Público, juntamente com os setores socialmente engajados, e das instituições formadoras de opinião.

Nesse contexto, vale ressaltar que a intolerância religiosa é um problema existente no Brasil desde séculos passados. Com a chegada das caravelas portuguesas, as quais trouxeram os padres jesuítas, os índios perderam a sua liberdade de crença e foram obrigados, de maneira violenta, a se converter ao catolicismo, religião a qual era predominante na Europa. Além disso, os africanos escravizados que aqui se encontravam também foram impedidos de praticar seus cultos religiosos, sendo punidos de forma desumana caso desrespeitassem essa imposição. Atualmente, constata-se que grande parcela da população brasileira herdou essa forma de pensar e de agir, tratando pessoas que acreditam em outras religiões de maneira desrespeitosa e, muitas vezes, violenta, levando instituições públicas e privadas à busca de soluções para reverter isso.

Sob esse viés, ressalta-se que algumas ações já foram realizadas, como a criação da lei de proteção ao sentimento religioso e à prática de diferentes cultos. Entretanto, as medidas tomadas até então não são suficientes para inibir essa problemática, uma vez que a fraca punição aos criminosos e a falta de conscientização da sociedade são alguns dos principais motivos que ocasionam a persistência de atos violentos em decorrência da intolerância religiosa. Outrossim, a falta de comunicação dos pais e das escolas com os jovens sobre esse assunto é um agravante do problema, aumentando as possibilidades destes agirem de maneira desrespeitosa.
Diante disso, para combater a intolerância religiosa, cabe ao Governo intensificar esforços, criando leis específicas e aumentando o tempo de punição para quem comete qualquer tipo de violência devido à religião.

Ademais, é necessária a criação de campanhas midiáticas governamentais de conscientização, com o apoio da imprensa socialmente engajada, e a divulgação destas através dos diversos meios de comunicação e das redes sociais, que mostrem a importância do respeito à liberdade de escolha e às diferentes crenças, uma vez que o Brasil é um país com inúmeros grupos e povos, cada um com seus costumes. Além disso, a participação das instituições formadoras de opinião é de grande importância para a educação dos jovens com relação ao respeito às diferentes religiões, com as escolas realizando palestras e seminários sobre o assunto e as famílias intensificando os diálogos em casa.

Prática religiosa um direito de todos – Jornada Bottin Ecco
A curiosidade humana acerca do desconhecido e a sua incapacidade de explicá-lo através da razão fez com que, desde os primórdios, o homem atribuísse acontecimentos do seu cotidiano à vontade de seres sobrenaturais. Apesar dos avanços científicos e de suas respostas lógicas para fatos da realidade, as crenças em divindades perpassaram a história e continuam muito presentes nas sociedades, talvez por suprirem a necessidade humana de reconforto, talvez por levarem à transcendência espiritual. Atualmente, a grande diversidade religiosa existente traz a possibilidade de escolha a cada cidadão e essa liberdade é, ou deveria ser, garantida a todos os membros de uma população. Contudo, práticas de intolerância religiosa vêm impedindo um número cada vez maior de pessoas de exercitarem tal direito, ferindo sua dignidade e devendo, portanto, serem combatidas veementemente.

O contexto histórico brasileiro indubitavelmente influencia essa questão. A colonização portuguesa buscou catequizar os nativos de acordo com a religião europeia da época: a católica. Com a chegada dos negros africanos, décadas depois, houve repressão cultural, consequentemente, religiosa que, infelizmente, perpetua até os dias de hoje. Prova disso é o caso de uma menina carioca praticante do candomblé que, em junho de 2015, foi ferida com pedradas, e seus acompanhantes, alvos de provocações e xingamentos. Ainda que a violência verbal, assim como a física, vá contra a Constituição Federal, os agressores fugiram e, como em outras ocorrências, não foram punidos.

Além disso, é importante destacar que intolerância religiosa é crime de ódio: não é sobre ter a liberdade de expressar um descontentamento ou criticar certa crença, mas sim sobre a tentativa de imposição, a partir da agressão, de entendimentos pessoais acerca do assunto em detrimento dos julgamentos individuais do outro sobre o que ele acredita ser certo ou errado para sua própria vida. Tal visão etnocêntrica tem por consequência a falta de respeito para com o próximo, acarretando em episódios imprescritíveis e humilhantes para aqueles que os vivenciam.

Conclui-se, então, que o combate à discriminação religiosa é de suma importância para que se assegure um dos direitos mais antigos a todas as pessoas e, por conseguinte, seu bem-estar. Para isso, é preciso que os órgãos especializados, em parceria às delegacias de denúncia, ajam de acordo com a lei, investigando e punindo os agressores de forma adequada. Ademais, o governo deve promover campanhas contra condutas de intolerância e as escolas devem gerar debates, informando seus alunos sobre o tema e desconstruindo preconceitos desde cedo. Por fim, a mídia pode abordar a intolerância religiosa como assunto de suas novelas, visto que causa forte impacto na vida social. Assim, o respeito será base para a construção de um Brasil mais tolerante e preocupado com a garantia dos direitos humanos de sua população.





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