Dominados, uni-vos
O sistema do
Estado moderno absolutista sucumbiu em meados do século XVIII e o poder
soberano – e até divino – dos reis caíram. Logo em seguida, o movimento
iluminista trouxe uma ideia de igualdade, liberdade e fraternidade. Contudo, a
pirâmide do poder não desapareceu, apenas foi mascarada e se mantem até a
contemporaneidade.
Neste contexto, a polícia é a representação
física da segurança e ordem de um Estado. A sua função é assegurar o bom
andamento moral da sociedade e reprimir aqueles que descumprirem as leis. Sendo
assim, o agrupamento de policiais, assim como qualquer outros cidadãos, também
está inserido nesta pirâmide de poder e ordem, sendo as suas leis manter o bom
convívio social e proteger aqueles que realmente detêm o poder.
Nesta perspectiva,
a música “Polícia” dos Titãs representa bem o olhar do brasileiro sobre a
polícia: Aqueles que deveriam representar a segurança, são, contraditoriamente,
a imagem do medo e outras vítimas do sistema. Nesta escala de ordem
encontram-se, na base da pirâmide, a população, insegura e alienada, seguindo
ideologias e buscando impor outras ordens internas em busca do poder.
Tal cenário evidencia a ideia do sociólogo
Michel Foucault onde, no seu livro “A ordem do discurso” apresenta a ideia de
que o indivíduo está sempre em busca de impor sua voz para alcançar o poder.
Neste caso, a ordem decrescente de poder se apresenta estruturada no governo,
na polícia e na população, respectivamente.
Observa-se, portanto, que apesar da mudança
nos sistemas políticos, o poder centralizado e controlador se mantem inalterado
e nesta perspectiva a polícia é apenas o intermediador da ordem no Estado. É
indubitável a dificuldade em mudar tal sistema, uma vez que está enraizado na
sociedade. Contraditoriamente uma mudança poderia vir do próprio governo que
deveria investir na qualificação e visão da sociedade sobre os policiais
através do investimento estrutural nos quarteis e propagandas midiáticas a fim
de preparar e demonstrar a segurança que o governo promete. Ademais, seria
necessário o reconhecimento entre a população e os policiais de que ambos estão
sujeitos ao mesmo domínio para que fosse desencadeada uma revolução em conjunto
entre o proletariado – policiais e demais trabalhadores – para derrubar o
capitalista – o governo –, assim como defendia o filósofo Karl Marx.
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