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Antolho

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Antolho
 Hoje conto a ti, meu querido diário, uma história inusitada que aconteceu com uma amiga minha em sua ida ao dentista. Sei de tal relato pois tanto a acompanhei quanto tive que ouvir e ver o resultado dessa misteriosa periódica higienização bucal que ela fazia quando ia ao dentista.


 Digo misteriosa pois, eu, que passei a minha vida indo aos dentistas, não vi nada parecido com tal cena, melhor, digo que não vi tal coisa nem mesmo nos mais estranhos sonhos que já tive. Findando com essa breve angustia de espera que te fiz esperar, termino esse mistério iniciando este:


 Parecia estar tudo indo ao normal, minha amiga de pele morena, com um bordado florido, vestido curto, deitou-se sobre a azul e limpa cadeira de dentista. Apresentava um contraste claro, pois além de suas formas que já citei, seu cabelo abria-se sobre o encosto da cadeira pois estavam sendo naturalmente apertados contra a cadeira pois ela estava deitada, dando uma impressão dicotômica, onde ela não deveria estar lá. De um lado, o medo que ela carregava consigo do dentista, do outro, todo aquele ambiente branco com luzes fortes que era cortado tão somente pelo azul da cadeira e o prata dos materiais utilizados pelo dentista.


 Deixando essas análises minuciosas e um tanto quanto inúteis de lado, digo que o lado macabro começa agora: Entraram empurrando aquelas portas que se abrem se dividindo ao meio de forma rápida e inusitada, quase desesperada, alguns odontologistas (talvez não fossem, mas sei que eram da área de saúde) arrastando dois daqueles suportes de soro, sendo que no lugar do líquido transparente do soro estava um material branco que parecia ser um pouco viscoso. Na ponta, estavam duas enormes e grossas agulhas.


  Nesse momento eu, igualmente como minha amiga, fiquei sem reação. Porém, é válido salientar que eu notei que minha amiga não estava com medo, a falta de reação dela era uma espécie de aceitação ou de normalidade frente àquele inusitado ato. Este, que por sua vez, pareceu até de médicos entrando desesperados pelas portas dos hospitais empurrando numa maca alguém em estado de emergência. O contraste entre minha amiga e o ambiente continuava o mesmo. Tudo que eu fazia era olhar repetidamente para ela e para os dentistas que entraram, quando eles falaram:


— Então, vamos colocar aqui em você esses líquidos e eles farão em você uma lavagem cerebral. Mas calma, você ainda lembrará de muita coisa, ele só modificara alguns detalhes do seu cérebro. Ainda mais, essa lavagem fará com que você tenha acesso a todo momento que você quiser a materiais engraçados e coisas que possam lhe entreter, sendo lhe apresentado tudo que será por nós embutido através desse rápido procedimento.


 Nisso, eles já estavam colocando as agulhas, uma em cada braço, e fazendo com que o líquido fosse transferido para o corpo de minha amiga. A cena era trágica, eu não conseguia fazer nada por algum medo ou receio e ela estava aceitando todas aquelas coisas, pior, disse ela:

— Se isso me fará ver coisas boas e tirar essas malditas ideias de minha mente, ou pelo menos dar uma pausa com elas, tudo bem.

  Mal sabia ela que a pausa de uma ideia feita por um controle (isso que era o líquido) era, mesmo que momentânea, eternamente modificadora...

  As drogas e a lavagem cerebral que eles estavam realizando nela tinha também como objetivo conseguir filtrar todas as novas informações que ela receberia, sendo mostrada para ela apenas aquilo que ela gostaria de acordo com aquilo que o próprio remédio modificou nela, ou em alguns antigos gostos que ela já tinha e não foram excluídos no processo. Era um avanço na medicina, um remédio que te faz ser mostrado o que você quer ver.

  Esperamos o tempo de todo o procedimento. Era angustiante ver todo aquele líquido ir parar naquele ser contrastante, ainda mais seguido pelas repetidas palavras e frases que os dentistas ficavam falando para ela, com o objetivo de ir colocando essas novas ideias que seriam definitivamente fixas. Pior, seria uma ideia que seria aceita e defendida por ela, uma ideia que bloquearia as outras e ainda aceitada, uma ideia-muro, que bloquearia todo um novo horizonte que nasce juntamente com o sol, e ainda aceita. Mas essa ideia parecia boa por vir junto com a ilusão e conformismo com o quase sempre bom e o controlado mal que passaria agora pela sua mente, tudo controlado.

  Quando o processo realmente acabou, finalmente ganhei coragem e fui alertá-la de todos esses malefícios que essa lavagem causaria nela, mas parecia tarde demais, ela sabia que estaria sendo limitada para ver as coisas que a lavagem e as drogas lhe passariam, e estava feliz com isso. Pior, carregava ainda a falsa ideia de liberdade, mesmo estando nesse caminho único que não conseguiria sair...

  Essa droga chamada ilusão parece tão boa por coloca um antolho focada na estrada das ideias boas que estou até agora pensando em cair nesse conformismo.

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