O Hiperdia é um programa
assistencial fornecido pelo SUS nas unidades básicas de saúde, tendo por
objetivo o acompanhamento de pacientes que apresentam hipertensão arterial
sistêmica (HAS) e diabetes mellitus (DM). Além disso, o Hiperdia busca aplicar
a integralidade para entender o sujeito como um todo e o tratar de mesma forma,
sendo aplicado o autocuidado, a promoção da mudança de hábitos e etc. Assim, o
objetivo dos artigos pesquisados foi a identificação, aplicação e efeitos da
implementação do Hiperdia para os usuários.
A princípio, é
necessário entender que a HAS e a DM são, muitas vezes, causada e/ou
influenciada por diversos fatores prévios, como estilo de vida, situação
socioeconômica, idade, alimentação e prática de exercícios, sendo necessária uma
análise prévia de todo o histórico dos portadores de tais doenças. É, ainda,
necessária a análise das consequências destas patologias, como AVE, ataques
cardíacos, gangrenas e etc... Assim, é possível observar que para entender a
funcionalidade do Bipedia no SUS se faz necessário um olhar holístico para o
ser e sua relação com o meio.
Diante disto, um dos
métodos para analisar os efeitos da implementação do Hiperdia no SUS é a
comparação entre os dados estatísticos de antes e os do presente momento dos
objetivos do programa - que já foram citados aqui, entre eles: mudança de
hábitos diários, quantidade de portadores crônicos de tais doenças, número de
diagnósticos e de outras patologias causadas por portadores de hipertensão e
diabetes.
No que se refere ao
atendimento, é possível observar que o programa está alcançando um dos
princípios do SUS que é a universalidade. Nisto, é notável uma maciça
participação de grupos que são minorias sociais ou que sofrem determinados
preconceitos, entre eles: mulheres, idosos, analfabetos e pessoas com baixa escolaridade.
Assim, o Hiperdia parece corroborar dentro das USF’S para uma ação tão simples
quanto rara: um atendimento universal.
Ademais, os grupos de
acompanhamento dos indivíduos com HAS e DM passam por observações e
questionários, facilitando uma melhor análise de dados para se traçar um perfil
epidemiológico. Assim, é notório que os pacientes normalmente apresentam sobrepeso,
sedentarismo, antecedentes familiares com problemas de mesmo gênero e alto IMC.
Estas informações são úteis não só
para a prevenção – já que as estas características acompanham as doenças –,
como também para um melhor foco no autocuidado, acompanhamento, tratamento e
até mesmo promoção da saúde através de práticas reeducativas para todos,
inclusive para os que não estão apresentam as patologias, mas especialmente
para aqueles que já estão no perfil epidemiológico (mesmo sem demonstrar
desequilíbrios que os classifiquem como portador de HAS E DM).
Classificar os efeitos
diretos da implementação do Hiperdia, por outro lado, é um grande desafio
diante de determinadas circunstâncias. Diante disso, é difícil calcular o
impacto direto do programa pela falta de pesquisas relacionadas diretamente ao
assunto – com consequente escassez de artigos – e pelo complicado trabalho que
é quantificar o número de pessoas que evoluíram para casos mais graves ou o
número de novas pessoas com HAS e DM. Isto se dá pela enorme quantidade de
variáveis que estão associadas às doenças e acentuada pela falta ou baixa
qualidade de registros.
Contudo, foi possível
perceber dois fatores. A princípio, o número de indivíduos que apresentam DM
e/ou HAS aumentou mesmo após a implementação do Hiperdia. Isto, é claro,
demonstra que a efetividade do programa não está sendo tão eficaz quanto
poderia, pois em uma perspectiva pragmática, seu objetivo seria unicamente de
diminuir estes dados. Por outro lado, é visível que este aumento se dá pela mudança
de vida e de hábitos alimentares pela população em geral, gerando uma
consequência desleal ao serviço oferecido pelo SUS – mas, sem desconsiderar que
são os próprios hábitos e o autocuidado o foco do programa. É, porém, tangível
e comparável os efeitos da implementação do Hiperdia com a diminuição de
Hospitalização por Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (HAVEI), sendo evidenciado
um impacto do programa na atenção primária.
É, portanto, possível
observar que a implementação do Hiperdia no SUS tem seus objetivos e efeitos
positivos, mesmo com grandes empecilhos para realizar uma coleta de dados e
comparar os efeitos diretos do Hiperdia. Este, que vem sendo desafiado constantemente
por uma nova cultura globalizada que idealiza uma vida pouco saudável.
Outrossim, é questionável apenas se este é o meio economicamente mais viável
para trazer os benefícios que o Hiperdia promete.
- Por Jonatas Carlos
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