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Déficit de visão

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Olá, olho que me lê, desculpe pelo texto que agora estará sendo jogado e a pressa com que venho a jogá-lo, mas preciso escrever esse pequeno detalhe da vida cotidiana antes que eu vá dormir e esqueça.

 O fato aconteceu no ônibus quando eu voltava hoje do meu curso de inglês, o ônibus não estava lotado mas tinha algumas pessoas de pé (inclusive eu), contudo, logo apareceu um lugar para que eu pudesse sentar logo em frente de onde eu estava. Assim, olhei para os lados para ver se tinha algum idoso ou senhoras ao meu lado para que eu cedesse o lugar, e tinha. Moça, você quer sentar?

  A mulher, olho, era um senhora com seus 45 anos que estava de pé em frente ao banco que estava ao lado do banco que eu estava. A resposta dela foi um simples não. Um simples e calmo não. Querido olho, vês como as palavras em muitas vezes conseguem emitir o que realmente queremos falar? Principalmente quando quem está escrevendo-as é um horrendo escritor como eu. Pois o que realmente me chamou atenção - e é o que vim lhe falar aqui - é que a mulher tinha uma deficiência nos olhos...

 Uma deficiência, mas talvez não um defeito. Confesso que de princípio tomei um pequeno susto... susto não, entre um susto e algo que me chamou muito a atenção: Um dos olhos da mulher era arregalado (que palavra feia), ele não era exatamente estufado, mas parecia observar tudo o que se passava ao redor da mulher em 180º, ele era grande. Pior, tal senhora gostava ou tinha por mania o hábito de olhar para todos os cantos, ela estava sempre mudando a mira dos seus olhares, sempre passando por mim (que quase a encarava por uma questão de instinto curioso). Talvez esse fosse o tamanho normal do olho dela, que poderia se dar pelo contraste com o outro olho: Este era cerrado. Desculpe a comparação, mas como quando aqueles atores dos filmes do velho oeste fitavam o inimigo. Ele ainda apresentava os aspectos de grandeza (gigantística grandeza) do outro olho, mas agora cerrado.

 Uma deficiência, mas não um defeito. Um olho era de total atenção e o outro era de total suspeita.

 Tenho que dizer-te, olho que me lê, que fiquei um pouco agoniado olhando para aquela mulher. O simples não que ela me deu me obrigou a encará-la por um bom trajeto da viagem do coletivo. Minto, encaixe o último fato que acabei de falar com a minha curiosidade, não parei de encará-la.

 Assim, surgiu-me algumas reflexões, algumas já esqueci (motivo pelo qual escrevo este texto antes de ir dormir, mesmo estando muito cansado, para não esquecer ainda mais), mas lembro-me que pensei no fato de a mulher ser gorda, digo, de uma forma educada, um pouco cheia. A partir disso fiquei pensando se ela comeria muito com o olho que tudo vê ou com o olho que espreita. Cheguei a conclusão que o olho que tudo vê pouco desconfia, enquanto o outro olho parecia gritar desconfiança. Assim, decerto ela comia muito com o olho atencioso.

 Olho que me lê, saibas que escolhi esse destinatário para isso que agora escrevo de forma aleatória, foi o que me veio a mente, nem pensava na mulher. Mas o meu subconsciente deve ter ligado as coisas de alguma forma e me fez escrever-te.

Desculpe-me, escrevi várias coisas sobre a mulher e os seus defeituosos olhos e cheguei apenas no fato de que ela era gorda com o olho grande (desculpe, de novo, este trocadilho, não foi intencional, maldito subconsciente, ele que nos dão essas ideias). Mas digo que também pensei em várias especialidades que essa mulher poderia ter. Por exemplo, se ela fitasse um mesmo objeto, ela tanto o veria holisticamente, ou pelo menos mais do que nós, como o veria de forma suspeita, qualidade digna, tudo vê e suspeita o que vê.

Ah, mas aqueles olhos, quando eles passavam por mim me causavam uma agonia, ela tanto me olhava quanto desconfiava. Ela olhava para frente e estava desconfiando de tudo com aquele olho apertado. Confesso que tive outros pensamentos que beiraram as besteiras filosóficas, mas não sei como descrevê-las e nem as quero, pelo cansaço; além das quais eu já me esqueci.

Olho, querido olho que me lê, fico pensando agora qual entre aqueles dois olhos eu carrego comigo. Será um meio termo entre os dois? Qual seria o melhor para mim? E tu, olho? Qual olho que tu és, que tudo observa, ou o que tudo suspeita? Queres mudar?

Eu quero, quero ser mais suspeito. Quero ter uma deficiência mas não ter um defeito. Só não quero ter esse déficit de visão que todos os outros do ônibus e a maioria do mundo parecem ter.

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