Desd'o berço respirando
Os ares da escravidão,
Como sempre lançada
Em terra de maldição,
A vida passo chorando
Minha triste condição.
Os meus braços estão presos,
A ninguém posso abraçar,
Nem meus lábios, nem meus olhos
Não podem de amor falar;
Deu-me Deus um coração
Somente para penar.
Ao ar livre das campinas
Seu perfume exala a flor;
Canta a aura em liberdade
Do bosque o alado cantor;
Só para a pobre cativa
Não há canções, nem amor.
Cala-te pobre cativa;
Teus queixumes crimes são;
É uma afronta esse canto.
Que exprime tua aflição,
A vida não te pertence.
Não é teu teu coração.
Do livro "A escrava Isaura" de Bernardo Guimarães
Do livro "A escrava Isaura" de Bernardo Guimarães
Nenhum comentário:
Postar um comentário