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A reforma protestante e a reação do catolicismo



A Reforma e a reação do catolicismo

     Diversas críticas foram levantadas contra a Igreja ainda no século XVI. Havia insatisfação tanto por parte de setores da elite quanto dos mais desfavorecidos.
     Desse modo, a Reforma já vinha sendo formentada no pensamento de muitas pessoas da época, como o professor John Wycliff e Jan Huss - este acabou condenado à fogueira por protestar contra a Igreja. É importante ressaltar que as ideias desses homens influenciaram Lutero significativamente.
     Lutero, monge formado em um mosteiro agostiniano, se opunha fortemente à venda de indulgências praticada pela igreja católica. Tal prática, segundo ele, feria o princípio bíblico de que a salvação é um dom divino, recebido mediante à fé e submissão a Deus. O monge expressa publicamente seu inconformismo com a Igreja ao expor as famosas 95 teses na igreja de Wittenberg em 31 de outubro de 1517.
      O papa Leão X, um dos principais opositores da Reforma, publicou em 1520 a bula papal Exsurge Domini. Através desse fato, o papa demonstrou sua reprovação em relação a Lutero. Por causa de sua forte resistência a ao papa Leão, Martinho foi levado a julgamento na Dieta de Worms em 1521. Apesar de ter sido condenado, conseguiu o apoio de alguns alemães nobres que estavam interessados no enfraquecimento do poder da Igreja.
     Dessa forma, os protestos de Martinho Lutero foram vistos por alguns como uma oportunidade de atender a interesses pessoais que estavam além do setor religioso. Por exemplo, certos monarcas, por questões económicas, achavam conveniente apoiar a Reforma porque ela poderia enfraquecer o poderio do clero. Além disso, a burguesia se interessava em liberdade económica que poderia ser conquistada sem a interferência da Igreja.
     Com o apoio de nobres e burgueses, as ideias do monge alemão ganhou gradativamente mais atenção e influência. Suas principais críticas estavam pautadas nos abusos e erros teológicos cometidos pelo catolicismo. Propunha, então, algumas mudanças para reformá-lo: a primazia pelos ensinamentos bíblicos em detrimento da hierarquia clerical; exclusão de boa parte dos sacramentos, mantendo apenas o batismo e a eucaristia; substituição do latim pelo alemão nas cerimônias; permissão do casamento para os sarcedotes; além da tradução da bíblia. Surgia assim, a Igreja Luterana.
      Lutero não visava uma reforma social, mas essencialmente religiosa. No entanto, muitas pessoas chegavam ao protestantismo com esperanças de uma transformação social. Como consequência disso, surgiram várias revoltas, como as dos cavaleiros e dos camponeses. Além desses, é importante lembrar dos anabatistas que foram representantes de um movimento mais radical.
     Zwinglio iniciou a Reforma na Suíça, mas foi morto em conflitos com católicos. João Calvino -governador de Genebra - garantiu a continuidade e o estabelecimento do movimento; suas ideias ficaram conhecidas como Calvinismo, doutrina que pregava basicamente a predestinação, a soberania da onisciência e onipotência de Deus. O calvinismo agradou muitíssimo a burguesia porque valorizava o trabalho e não marginalizava o lucro. Segundo Calvino, todos deveriam ter acesso às escrituras e também compreendê-la. Em virtude disso, havia uma grande preocupação com a educação dos adeptos.
     A Inglaterra por sua vez, teve o rei Henrique VIII como reformador. Ele entrou em confronto com o papa Leão Clemente, principalmente por motivos políticos. O monarca desejava anular seu casamento com Catarina de Aragão, porém foi ignorado pelo Papa. Então, o rei promoveu a Reforma e assim conseguiu o almejado divórcio. Como resultado houve o afastamento do clero e o fortalecimento do absolutismo. A partir disso, Henrique VIII tornou-se chefe da Igreja Anglicana.
     Já na França, a Reforma encontrou grandes dificuldades. Os confrontos entre católicos e protestantes -huguenotes- foram marcados por muita violência. Em 1572 acontecia um dos massacres mais conhecidos: Noite de São Bartolomeu. Protestantes foram assassinados em massa nesse evento. O protestantismo não venceu a grande influência da Igreja na Espanha e Itália, onde a Inquisição foi usada como mecanismo de repressão.
     Surgiram muitas tentativas de reestabelecer a força e influência da Igreja. Entre as mais significativas é possível citar a Companhia de Jesus, a ação dos Jesuítas e a divulgação por meio da catequese, além da criação de instituiações como universidades e colégios. É importante ressaltar também as medidas da contra-reforma que objetivavam o controle do protestantismo e o reparo de falhas cometidas pela Igreja -como a eliminação da venda de indulgências. Realizou-se o Concílio de Trento, em 1545, com a finalidade de unificar a doutrina e fortalecer a autoridade do papa. Apesar dos esforços de melhorar sua imagem diante da sociedade, a Igreja manteve a censura e repressão por meio de castigos e da Inquisição.

- Por Carolaine Marinho

Referência:

REZENDE, Antônio Paulo; DIDIER, Maria Tereza. Rumos da História: história geral e do Brasil. 2.ed. São Paulo: Atual, 2005.
     


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